Mais exigência em seminários e evangelização "pessoal", desafios do Cardeal Hummes

SÃO PAULO, 2 de nov de 2006 às 20:01

O Cardeal Claudio Hummes, eleito nesta semana pelo Papa Bento XVI como novo Prefeito da Congregação para o Clero, considerou a formação mais exigente nos seminários e a urgência de evangelizar "casa por casa", como alguns dos desafios que enfrentam os sacerdotes do mundo.

Em uma entrevista difundida pelo jornal O Globo, o Cardeal assegurou que "o que precisamos em primeiro lugar é que nos seminários haja uma seleção mais rigorosa, uma formação mais exigente dos futuros sacerdotes para que possamos ter a segurança moral de que vão ter condições de viver o celibato como pede a Igreja".

Do mesmo modo, reiterou que se existissem denúncias sobre casos de má conduta sexual por parte de sacerdotes, "têm que ser encaminhadas à Santa Sé".

O Cardeal sucede no cargo outro latino-americano, o Cardeal colombiano Darío Castrillón. A Congregação para o Clero, tem entre suas funções velar pela formação e o desempenho de todos os sacerdotes católicos do mundo.

Segundo o Cardeal Hummes, um dos desafios que os presbíteros devem enfrentar é a evangelização dos próprios católicos. "Devemos evangelizar mais, ir à periferia pobre de casa em casa. Temos que visitar as pessoas. Eles têm que sentir o calor da Igreja em que foram batizadas", sustenta.

Além disso, referiu-se à relação entre a fé e a ciência e precisou que "a Igreja sempre está aberta para o diálogo com a ciência, a razão e a filosofia. A gente não pode confundir a opinião de alguém como a verdade absoluta. Ou alguma hipótese que não está comprovada como uma verdade que já se apresenta comprovada".

Para o Cardeal, a notícia de sua nomeação foi uma surpresa muito grande. "A primeira coisa que sentia que devia fazer foi começar a rezar, pedir a Deus que me iluminasse, porque para mim a voz do Papa é a voz de Deus e, portanto, era necessário dizer sim", assinalou.

O Cardeal Hummes, que até esta semana era o Arcebispo do São Paulo, espera viajar a Roma dentro de "um mês" para assumir seu novo cargo. Enquanto isso, seguirá como administrador apostólico da Arquidiocese, em espera de seu sucessor, que ainda não foi nomeado por Bento XVI.