REDAÇÃO CENTRAL, 6 de nov de 2006 às 20:20
Ao comentar a pena de morte ditada contra Saddam Hussein, o Cardeal Renato Martino, Presidente do Pontifício Conselho Justiça e Paz, recordou que as sociedades atuais contam com os meios para evitar que um sentenciado volte a delinqüir e "não há necessidade da pena capital"."A sociedade tem numerosos meios para tornar inofensivos os que cometem qualquer tipo de crime. Por isso, não há necessidade da pena capital" já que esta não resolve nada, explicou o Cardeal.
O Cardeal Martino explicou que "esta sentença poderia agravar até mais a situação, que já é trágica, no Iraque" e "infelizmente, o Iraque é só um dos poucos países que não tomaram a decisão civilizada de abolir a pena capital".
Outras reações
Receba as principais de ACI Digital por WhatsApp e Telegram
Está cada vez mais difícil ver notícias católicas nas redes sociais. Inscreva-se hoje mesmo em nossos canais gratuitos:
Por sua vez, o Pe. Michele Simone, Subdiretor do jornal Civilta Cattolica, precisou que "salvar uma vida –o que não significa aceitar tudo o que Saddam Hussein fez– é sempre algo positivo".
"Certamente, a situação no Iraque não será resolvida com esta sentença de morte. Muitos católicos, inclusive eu, são contra a pena de morte por uma questão de princípios", explicou e manifestou que "inclusive em uma situação como o Iraque, onde há centenas de sentenças de morte de fato todos os dias, acrescentar outra morte à contagem não servirá de nada".
Do mesmo modo, assegurou que "na mentalidade comum dos iraquianos, não efetuar a sentença de morte (de Saddam), inclusive por razões de política interna, poderia ser interpretado como um privilégio, porque as mortes são tão comuns todos os dias".
Por outro lado, o Bispo Auxiliar de Bagdá, Dom Shlemon Warduni, preferiu "não fazer comentários" a respeito pois "a situação é muito delicada. Hoje existe ainda um paradoxo, estamos em casa e não podemos sair. Só ouvimos as sirenes e a polícia. A população está dividida, assim é melhor não dizer nada". "Ao estar aqui em Bagdá nos damos conta do que acontece . Pedimos reconciliação, paz, segurança e estabilidade para a população. Oramos pelo bem de todos os iraquianos".
A União Européia também expressou sua reprovação à pena capital em "todos os casos e em cada circunstância, e não deveria ser aplicada" nem sequer sobre Saddam Hussein, enquanto que o Ministro do Exterior italiano, Massimo D'Alema, afirmou que a condenação ao ex-mandatário iraquiano deve ser "nítida e severa", mas lembrou que a Itália é contra a pena capital.