VATICANO, 25 de dez de 2006 às 21:22
De maneira pouco comum, o Papa Bento XVI decidiu enviar uma mensagem especial aos católicos do Meio Oriente, no que os anima a manter a esperança e a ser construtores, mediante o testemunho fiel e o diálogo inter-religioso, da paz e o desenvolvimento da região.
“Dirijo-me com afeto às comunidades que se sentem ‘o pequeno rebanho’, já seja pelo reduzido número de irmãos e irmãs, seja porque estão imersos em sociedades compostas por uma larga maioria de crentes de outras religiões, seja pelas circunstâncias presentes em algumas nações às quais pertencem e vivem em grande desgosto e dificuldades”, inicia a mensagem do Pontífice.
O Santo Padre reconhece que muitas destas situações graves e conflitivas que devem suportar as minorias cristãs no Oriente Médio “suscitam naturalmente recriminação e raiva e predispõem os ânimos a propostas de reação e de vingança”.
“Sabemos”, assinala entretanto, “que estes não são sentimentos cristãos; render-se interiormente a eles faz duros e enfastiados, muito longínquos daquela ‘mansidão e humildade’ da que Cristo Jesus nos tem proposto como modelo”.
Bento XVI assinala logo que a história demonstra que tratar de definir quem sofreu mais não serve para solucionar conflitos e que é mas bem “o dialogo paciente e humilde, feito de escuta recíproca e estendido à compaixão da situação do outro trouxe muitos frutos em outros países anteriormente devastados pela violência e as vinganças”.
Depois de lembrar que foi nessa região onde se apresentou a Estrela que anunciou ao Salvador, e onde nasceu Deus feito homem, o Papa se dirige “a vós, queridos irmãos e irmãs, herdeiros de tais tradições” para vos expressar “com afeto minha proximidade pessoal na situação de insegurança humana, de sofrimento diário, de temor e de esperança que estão vivendo”.
“Podem contar com minha plena solidariedade nas atuais circunstâncias. Estou seguro de ser o porta-voz também da Igreja universal. Cada fiel católico do Meio Oriente, junto com a comunidade a qual pertence, não se sinta portanto só ou abandonado”.
Bento XVI destaca logo, de parte dos católicos da região, o “desejo de poder contribuir de maneira construtiva a aliviar as urgentes necessidades de suas respectivas sociedades e de toda a região”.
O Papa se refere logo ao drama dos cristãos que abandonam o Meio Oriente, ao ponto que “os Santos Lugares correm o risco de converter-se em zonas arqueológicas, carentes de vida eclesiástica”.
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“Não esqueçam –assinala- que simplesmente o fato de estar próximos e viver juntos um sofrimento comum, atua como um bálsamo sobre as feridas e dispõe a pensamentos e obras de reconciliação e de paz”; e recorda que “a esperança cristã testemunha que a resignação passiva e o pessimismo são o verdadeiro grande perigo que envenena a resposta que surge do Batismo”.
Conforme explica o Santo Padre, “na hora presente, pede aos cristãos ser valentes e determinados com a força do Espírito de Cristo, sabendo que podem contar com a proximidade de seus irmãos na fé, repartidos pelo mundo”.
Palavras a outros
“Através de vós, queridos, procuro me dirigir também a vossos concidadãos, homens e mulheres das diversas confissões cristãs, das diversas religiões e a todos aqueles que procuram com honestidade a paz, a justiça, a solidariedade, mediante a escuta recíproca e o dialogo sincero. A todos digo: perseverai com valor e confiança!”, assinala logo o Pontífice.
“Como escrevia meu venerado Predecessor, João Paulo II ‘não há paz sem justiça’. É por isso necessário que se reconheçam e honrem os direitos de cada um. João Paulo II adicionava, entretanto: ‘não há justiça sem perdão’”.
“Que a intercessão e o exemplo de tantos mártires e santos, que em suas terras fizeram valioso o testemunho de Cristo, eles vos sustentem e reforcem em vossa fé. E que a Santa Família de Nazaré vele sobre vossos bons propósitos e sobre os vossos trabalhos”, conclui a mensagem pontifícia.