VATICANO, 7 de jan de 2007 às 13:32
O Escritório de Imprensa da Santa Sé informou hoje que o Papa Bento XVI aceitou esta manhã a demissão ao cargo de Arcebispo de Varsóvia (Polônia) e primaz do país apresentada por Dom Stanislaw Wielgus ante a Nunciatura Apostólica da Polônia.
A renúncia foi apresentada este domingo, o mesmo dia que tinha programado ingressar na Basílica catedral de São João Batista na Varsóvia, para dar início a seu ministério pastoral.
Em seu lugar, o Papa nomeou provisoriamente como Administrador diocesano ao Cardeal Jozef Glemp, Arcebispo anterior da arquidiocese.
No sábado, confirmando o resultado da investigação de uma comissão independente na Polônia, Dom Wielgus assinalou em declarações à edição polonesa de Rádio Vaticano que sim tinha colaborado com o regime comunista polonês no passado.
“Não desempenhei nenhuma missão de espionagem, nunca fiz mal a ninguém nem através de minhas palavras, nem com meus atos”, disse Dom Wielgus ao ler uma declaração escrita em que qualifica como falsas as acusações que lhe atribuem atitudes dolosas contra a Igreja.
“Não quero me justificar. Sei que não devia manter nenhuma relação com os serviços do regime comunista da Polônia, sinto muito ter feito viagens fora da Polônia, daí o porquê desses contatos. Mas nesse período sentia o dever de continuar com várias investigações científicas importantes, para adquirir uma formação para o bem da Igreja”.
Reação do Vaticano
Diante das declarações de Dom Wielgus, o Padre Federico Lombardi, Diretor do Escritório de Imprensa da Santa Sé e desta emissora, fez pública uma nota em que afirma que “embora sua humilde e comovedora petição de perdão, a renúncia à sede de Varsóvia e a rápida aceitação por parte do Santo Padre, são a solução mais adequada para fazer frente à situação de desorientação criada nessa nação”.
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O Pe. Lombardi assinalou a Rádio Vaticano que se trata de um momento de grande sofrimento para uma Igreja, a polonesa, “que todos amamos e que deu grandes pastores da talha do Cardeal Wyszynski e sobre tudo, de João Paulo II”.
O Pe. Lombardi finalmente solicitou à Igreja no mundo inteiro, “solidariedade espiritual para com a Igreja que está na Polônia e que a acompanhe, com a oração e o ânimo, para que possa encontrar em breve serenidade”.
Injustiça de alguns ataques
O Pe. Lombardi recordou entretanto que “não terá que esquecer que os documentos que se usam hoje para atacar a muitos membros da Igreja (na Polônia) foram escritos pelos funcionários de um regime opressor e chantagista”.
“A tantos anos de distância da queda do regime comunista e depois da morte do grande e inatacável João Paulo II a atual avalanche de ataques à Igreja católica na Polônia, mais do que tratar-se de uma sincera busca transparente da verdade, parece, por muitos aspectos, uma estranha aliança entre perseguidores de um tempo e seus adversários, e uma vingança por parte de quem, no passado, os perseguiu e foram derrotados pela fé e pela vontade de liberdade do povo polonês”.
O Pe. Lombardi concluiu seu comunicado dizendo: “A verdade vos fará livres”. “A Igreja não teme a verdade e para ser fiéis a seu Senhor, seus membros têm que saber reconhecer as próprias culpas”.
“Esperamos que a Igreja na Polônia saiba viver e superar com valentia e lucidez este difícil período, para que continue a dar sua preciosa e extraordinária contribuição de fé e impulso evangélico à Igreja européia e universal”, disse finalmente.