Igreja na Venezuela preocupada com democracia, corrupção e insegurança

CARACAS, 8 de jan de 2007 às 22:22

Dom Ubaldo Santana, Presidente da Conferência Episcopal da Venezuela, (CEV) destacou durante a inauguração da 87º Assembléia Geral deste organismo, a preocupação da Igreja pelas limitações à democracia, a corrupção e a insegurança cidadã.

Durante a instalação da Assembléia, Dom Santana indicou que “nos preocupam muitíssimo no campo nacional alguns aspectos concretos”; e citou especificamente “o anúncio que fez o presidente de realizar na Venezuela uma reforma constitucional pelos roteiros do Socialismo do Século XXI; e nos preocupa muito a situação atual de corrupção e de insegurança que reina no país”.

Em relação à anunciada reforma constitucional, o Prelado assinalou que os bispos “querem estar simplesmente vigilantes, atentos, participando dela de forma ativa como o fizemos durante a Assembléia Constituinte e a discussão da Constituição Bolivariana atual”.

Dom Santana destacou que o assim chamado “Socialismo do Século XXI” se apresenta como “um tema muito complexo que analisaremos na Assembléia para ver de que maneira podemos iluminá-lo e dar nossa contribuição, sabemos que há espaços para a realização de socialismos que sejam compatíveis plenamente com a democracia”.

Entretanto, recordou que “no século passado houve regimes socialistas que foram incompatíveis com a democracia, que levaram uma forte carga ideológica comunista”.

Por outra parte, Dom Santana convidou aos venezuelanos a refletir “nos milhares de mortes acontecidas nas estradas, que estão acontecendo diariamente nas nossas ruas, urbanizações, bairros e por conta de atuações abusivas de autoridades militares e policiais; também as mortes que estão ocorrendo em nossas fronteiras por seqüestros, assassinatos e sicariatos; e uma presença cada vez mais inquietante de forças irregulares nos limites da República”.

“Tocam-nos e nos afetam, particularmente esta onda de violência que se espalhou por todo mundo, e também nos preocupa a nova onda de secularismo que tenta substituir e abandonar a religião e a Igreja e substitui-la por uma cultura laica, uma moral cívica e uma doutrinação ideológica das pessoas”, adicionou o Prelado.

Dom Santana explicou além que “estou plenamente de acordo com as declarações que emitiu o Cardeal Urosa” sobre o caso da renovação da concessão ao canal Radio Caracas Televisão.

devido a sua posição independente em relação ao regime do Chávez, o governo anunciou que não renovará a concessão.

“O governo deve revisar essa decisão, ele detém já suficiente poder para limitar a informação e a livre expressão no país”, disse Dom Santana.

“A plena vigência dos direitos humanos, o respeito à liberdade de informação são garantia de toda sadia e boa democracia, e acredito que, neste sentido, nossa democracia ganha se se dão sinais claros de pleno respeito à liberdade de expressão”, concluiu.