CARACAS, 11 de jan de 2007 às 12:22
Dom Roberto Lückert León, Arcebispo de Coro e alvo principal das diatribes que Hugo Chávez lançou contra a Igreja na quarta-feira durante a cerimônia de toma de posse de seu terceiro mandato, explicou que o objetivo do mandatário é desqualificar à Igreja como voz crítica.
Durante sua instalação como Presidente reeleito da Venezuela, Chávez voltou a pronunciar um de seus habituais discursos erráticos improvisados nos que anunciou o caminho “irreversível” ao socialismo, chamou Jesus de “um dos grandes socialistas da história” e disse que pretendia procurar a reeleição sem limites para não deixar o governo.
“A Estado respeita à Igreja, a Igreja deve respeitar ao Estado, eu não queria voltar para os tempos da confrontação com os bispos, mas não é minha eleição, é dos bispos venezuelanos, eu estarei aqui com meu fogo, defendendo ao Estado Venezuelano”, disse Chávez em seu discurso.
Posteriormente criticou duramente a Dom Lückert, a quem assinalou como “exemplo da oligarquia na Igreja Católica venezuelana”.
“O monsenhor Lucker (sic) vai me esperar no inferno, ele não vai para o céu, ele vai para o inferno, estou seguro que para o céu não vai e eu não acredito que vá”, disse Chávez.
“Como ele adora atropelar a verdade, dizer mentiras, atropelar à figura do chefe do Estado, ele é feliz assim! Que seja feliz, Monsenhor e que Deus o perdoe porque eu acredito que esse não é o caminho de Cristo, é o caminho da mentira, da maldade, da infâmia. Perdoa-o, Senhor, que possivelmente não sabe o que diz”, adicionou.
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Em uma entrevista radial, Dom Lückert respondeu com calma, assinalando que as declarações de Chávez “falam mais dele mesmo que de seus inimigos”, e lamentou que o mandatário desejasse “ver todas as instituições submetidas e adulando-o”.
“O objetivo do Presidente é desqualificar à Conferência Episcopal Venezuelana, mas infelizmente não o vai obter”, explicou o Arcebispo de Coro.
“Já não somente hoje me mandou ao inferno, senão que também junto comigo está o presidente Fox, o Cardeal (Rosalio) Castillo (Lara) e os magistrados da Corte Suprema”, assinalou o Prelado.
“Tudo forma parte de uma campanha pessoal de Chávez para desqualificar à Igreja na Venezuela; que contudo não poderá conseguir porque a Igreja têm 2 mil anos de vida e ele é contingente, ele durará até o ano 21”.
“Pois bom, que o Senhor lhe dê longa vida para que veja a torta (confusão) que está gerando neste país”, disse o Prelado.
Entretanto, Dom Lückert concluiu com tom conciliador, com um pedido “ao Senhor para que ilumine o nosso Presidente para que verdadeiramente dirija o país por caminhos de progresso e de comunhão de todos os venezuelanos”.