Na quarta-feira passada, 6 de setembro, festa da Natividade da Virgem , cerca de 50 procissões prestaram homenagem em Cuba  à Virgem da Caridade do Cobre, enquanto no exílio outros milhares de cubanos celebraram de diversas maneiras à Padroeira da pátria longínqua.

Embora o governo cubano tenha permitido o Bispo de Cienfuegos, Dom Emilio Aranguren, dar um discurso breve em uma radioemissora local, ao menos quatro solicitações para organizar comemorações à Virgem foram negadas, como o caso da diocese da Santa Clara, declarou Oswaldo Márquez, porta-voz da Conferência de Bispos Católicos de Cuba (COCC).

No concorrido Santuário da Virgem em El Cobre, cerca de vinte esposas, mães e filhas dos 75 dissidentes presos pelo regime de Fidel Castro, vestidas de branco, participaram da cerimônia principal.

No dia anterior, as “Damas de Branco” partiram também em procissão que atraiu a mais de 15.000 pessoas e que percorreu 15 quadras do centro de Havana depois da imagem da Virgem, liderados pelo Cardeal Jaime Ortega e Alamino.

“Decidimos nos reunir para pedir à Caridade do Cobre a liberdade e só a liberdade de nossos familiares”, declarou Branca Reis, esposa do poeta dissidente Raúl Rivero e promotora da vigília. Com elas rezou e fez pedidos a conhecida opositora Martha Beatriz Torre, condenada a 20 anos de cárcere e liberado recentemente com uma licença por razões de saúde.

Os participantes da multitudinária procissão em Havana caminharam sob um forte calor; enquanto que dos balcões das casas em ruínas, centenas de fiéis atiravam flores amarelas à passagem da Virgem

A procissão terminou seu percurso na paróquia da Virgem da Caridade, onde o Cardeal Ortega chamou a resgatar os valores da família na Ilha.

“Muitas vezes as necessidades materiais nos curvam e nos limitamos a tratar de cobrir essas necessidades imediatas, esquecendo os outros valores, os familiares, os que têm consistência e elevam o espírito”, disse o Cardeal.

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Em Miami

Como é costume em Miami, a imagem da Virgem foi levada em uma embarcação da Capela da Caridade em Coconut Grove até a doca do Coliseu “American Airlines Arena”, o maior da cidade.

Dom Agostinho Román, Bispo auxiliar emérito e fundador da Capela, fez o percurso marítimo à pé da réplica da Virgem que  veneram os cubanos do exílio desde 1961.

A imagem da Padroeira de Cuba entrou no American Airlines Arena às 20h precedida por jovens vestidas com trajes brancos sustentando uma bandeira cubana.

A Missa foi presidida pelo Dom Felipe de Jesus Estévez, Bispo auxiliar da Arquidiocese de Miami.

“O povo cubano das duas orlas sofre do desgaste e o desalento”, disse o Prelado. “Não entendemos por que se atrasam tanto as mudanças necessárias; não entendemos por que a solidariedade diante do  sofrimento cubano, especialmente seus presos de consciência, seja tão tímida e limitada; não entendemos que o medo ou a dor seja tão poderosa e lhe paralisem”, adicionou.

“Hoje afirmamos que também Cuba  merece logo a democracia e o estado de direito, a liberdade, prosperidade e a paz social, com todos e para o bem de todos”, disse também Dom Estévez.

A imagem que veneram os exilados de Miami, réplica da original, foi tirada sorrateiramente do povoado da costa de  Guanabo, em Havana, e chegou a Miami em 8 de setembro de 1961.