“O que é a consolação espiritual? É uma experiência de alegria interior, que permite ver a presença de Deus em tudo. Ela revigora a fé e a esperança, assim como a capacidade de fazer o bem”, disse o papa Francisco hoje (23) na sua catequese sobre o discernimento.

Para o papa, “a pessoa que vive a consolação não se rende diante das dificuldades, pois experimenta uma paz mais forte do que a provação. Portanto, trata-se de um grande dom para a vida espiritual e para a vida no seu conjunto”.

“A pessoa sente-se abraçada pela presença de Deus, de uma maneira sempre respeitosa da própria liberdade. Nunca é algo desafinado, que procura forçar a nossa vontade, mas também não é uma euforia passageira”, disse ele.

A consolação dos santos

Francisco exortou os fiéis a se concentrarem na consolação dos santos, como a paz de santo Agostinho quando falava da vida eterna com sua mãe Mônica, ou a paz que santo Inácio sentia ao ler a vida dos santos.

Falou também da paz de santa Teresa de Jesus e exortou a imitar sua inocência e consolação, que a levou com doçura e espontaneidade a fazer o bem.

“A consolação refere-se, acima de tudo, à esperança, propende para o futuro, põe a caminho, permite tomar iniciativas até àquele momento adiadas, ou nem sequer imaginadas, como o batismo para Edith Stein”, disse o papa Francisco. Edith Stein era o nome secular de santa Terese Benedita da Cruz. Judia convertida ao catolicismo, a santa foi morta no campo de extermínio nazista de Auschwitz.

Segundo o papa, “a consolação espiritual não é controlável, não é programável a bel-prazer, é uma dádiva do Espírito Santo: permite uma familiaridade com Deus, que parece anular as distâncias”.

“E assim a consolação impele-te a ir em frente e a fazer coisas que em tempo de desolação não serias capaz; impele-te a dar o primeiro passo. Este é o aspecto bonito da consolação”, disse o papa.

Francisco disse que a falsa consolação “pode tornar-se um perigo, se a procurarmos como um fim em si mesma, de modo obsessivo, e esquecermos o Senhor”.

“Devemos procurar o Senhor e, com a sua presença, o Senhor consola-nos, faz-nos ir em frente. E não procurar Deus que nos traga consolações: não; não está bem, não devemos estar interessados nisto”, disse o papa.

“Também nós corremos o risco de viver a relação com Deus de maneira infantil, procurando o nosso interesse, procurando reduzir Deus a um objeto para nosso uso e consumo, perdendo o dom mais belo, que é Ele próprio”.

Por fim, o papa disse: “vamos em frente na nossa vida, que procede entre as consolações de Deus e as desolações do pecado do mundo”.

“Mas sabendo distinguir quando é uma consolação de Deus, que dá paz até ao fundo da alma, de quando é um entusiasmo passageiro que não é negativo, mas não é a consolação de Deus”, concluiu o papa.

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