REDAÇÃO CENTRAL, 12 de set de 2019 às 08:56
Os Arautos do Evangelho notificaram formalmente o portal ‘Metrópoles’ a fim de garantir o direito de resposta previsto na legislação brasileira à reportagem intitulada ‘Os segredos dos Arautos’, na qual são apresentadas acusações contra a instituição religiosa.
“O Portal Metrópoles foi formalmente notificado pelos advogados dos Arautos para garantir o direito de resposta aos Arautos do Evangelho, conforme constitucionalmente previsto pelo artigo 5º, inciso V. Como não foi concedido referido direito de resposta dentro do prazo legal, será proposta uma ação judicial específica para tal fim, com fundamento na Lei nº 13.188/2015”, informou o Departamento de Imprensa dos Arautos do Evangelho.
A reportagem ‘Os segredos dos Arautos’, publicada pelo site ‘Metrópoles’ em 23 de agosto de 2019, afirma que a comunidade religiosa “pratica rituais secretos” e que “pais acusam instituição de crimes como abuso físico e psicológico”, o que estaria sendo investigado pelo Ministério Público e também pelo Vaticano.
De acordo com a reportagem, os Arautos do Evangelho envolvem “uma realidade oculta com sérios indícios de desrespeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), lei que resguarda os direitos dos menores”.
A matéria traz relatos de supostos ex-integrantes da comunidade, que não divulgaram seus nomes nas entrevistas, e também de pais de membros da instituição. A reportagem afirma ter tido “acesso a uma representação protocolada junto ao Ministério Público de São Paulo (MPSP) que corre em segredo de Justiça”.
“Os depoimentos apontam que crianças a partir dos 7 anos podem estar sendo vítimas de alienação parental, lavagem cerebral, assédio sexual, estupro, violência física e psicológica, bullying, violação e controle de correspondência”, afirma o texto do portal Metrópoles.
Por sua vez, o Departamento de Comunicação dos Arautos do Evangelho declarou à ACI Digital que “os Arautos do Evangelho negam categoricamente todas as infundadas e difamatórias acusações contidas na matéria”.
Além disso, indicou que a reportagem publicada por ‘Metrópoles’ “é eivada de inverdades, dados infundados ou abertamente falsos, tergiversações, teratologias, insinuações caluniosas e difamações contra” a instituição.
Desse modo, assinalam, as informações divulgadas constituem “crimes contra a boa fama e reputação dos seus membros, à revelia de suas reconhecidas práticas de evangelização em íntima colaboração e comunhão com centenas de bispos e milhares de párocos em mais de 70 países”.
Segundo a comunidade religiosa, as fontes da reportagem são parte de “um grupo de desafetos dos Arautos que há 2 anos vem se dedicando com denodo em difamar a instituição e seus membros” e que “apresentou denúncias – algumas das quais anônimas – junto ao Ministério Público de Caieiras, falsificando provas, demonstrando inequívoco comportamento criminoso, inescrupuloso e rotunda má-fé, fruto de um ódio inexplicável”.
Neste sentido, os Arautos relataram à ACI Digital que, em 19 de agosto de 2019, receberam uma solicitação de entrevista do portal ‘Metrópoles’ com algumas perguntas. “Como o assunto em tela fazia parte de uma campanha difamatória, encaminhamos o e-mail, dia 20 de agosto, para ser respondido pelo nosso escritório de advocacia”.
Os advogados, por sua vez, responderam à solicitação do jornal explicando que “o procedimento mencionado” no e-mail “tramita em segredo de justiça, sendo proibida qualquer divulgação ou manifestação dos termos e questões nele inseridos”. Desta forma, acrescenta a resposta enviada à jornalista, “nos causa estranheza o fato de que o Jornal Metrópoles e a senhora tenham acesso aos autos do referido procedimento”.
“Qualquer divulgação fora dos autos pode ser caracterizada como infração ao sigilo judicial, com as consequentes reparações por eventuais danos que a indevida divulgação venha a causar às partes, além de implicações criminais aplicáveis”, assinala o e-mail, no qual os Arautos também “negam categoricamente todas as infundadas alegações”.
Além disso, “os Arautos do Evangelho já estão processando criminalmente, por delitos de difamação, as partes identificadas do referido grupo, com Queixas-crime distribuídas no Foro Central Criminal da Comarca de São Paulo”, informa a resposta datada de 20 de agosto.
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Neste mesmo dia, os advogados dos Arautos do Evangelho já haviam enviado ao Grupo Metrópoles uma notificação extrajudicial em razão de uma reportagem publicada em 6 de agosto de 2017, intitulada “Investigados por exorcismo, Arautos do Evangelho têm sede em Brasília”.
Dessa forma, os Arautos declararam a ACI Digital que “o portal, não obstante os argumentos e provas apresentados, editou uma enorme matéria com termos que iam muito além do que o questionário que nos foi enviado”.
O caso da Irmã Lívia
Entre os diversos casos trágicos que a reportagem cita, chama a atenção o da jovem Lívia Natsue Salvador Uchida, que, aos 26 anos, faleceu em uma das edificações na sede da associação Arautos do Evangelho na Serra da Cantareira (SP), em 27 de julho de 2016.
À reportagem, a mãe da jovem, Zélia Salvador de Assis, diz que foi informada de que sua filha havia caído da janela de seu dormitório enquanto fazia faxina. Porém, ela diz não haver indícios de que tenha sido um acidente e que há outras versões do ocorrido.
A segunda versão contada pela mãe à reportagem seria de que a jovem teve uma visão de Jesus, o qual teria pedido que ela entregasse sua vida para sanar os pecados da humanidade. E, a terceira versão, segundo Zélia, seria de que havia algumas meninas com problemas psicológicos que poderiam ter empurrado Lívia da janela.
Diante disso, a mãe da jovem afirmou que câmeras registraram a queda da menina, mas os Arautos teriam alegado que não possuem o vídeo do acidente.
Por sua vez, os Arautos do Evangelho expressaram que “no caso de dita ‘morte misteriosa’”, o ‘Metrópoles’ não procurou “o pai da religiosa falecida, o Dr. Pedro Uchida, que no tempo de sua menoridade tinha a guarda legal de sua filha e que acompanhou de perto sua formação e sua vocação religiosa”, “para se informar a respeito de todas as diligências que foram feitas por ocasião do acidente”.
Além disso, afirmou que se o meio de comunicação “tivesse o mínimo de imparcialidade em verificar o laudo pericial deste acidente, assim como a investigação policial já definitivamente encerrada, com a mesma diligência que usa para fomentar maledicências, teria encontrado o que de fato ocorreu: nada mais do que um acidente”.
“Aventar outras hipóteses a respeito do assunto são meras ilações, além de vilipêndio e desrespeito à paz dos mortos”, completou.
“Os Arautos do Evangelho se colocam à disposição, aos que se interessarem, para ulteriores esclarecimentos sempre em espírito de transparência e confiantes de que se trata de uma ocasião para certificar a ininterrupta comunhão dos Arautos do Evangelho com a Santa Sé a serviço à Igreja”, concluiu o comunicado de imprensa.
A defesa dos Arautos na íntegra pode ser vista no site oficial da entidade em: https://www.arautos.org/secoes/arautos/perseguicao-religiosa-a-igreja-catolica-no-brasil-267638
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