O bispo costa-riquenho que puniu um sacerdote por ter celebrado em latim a missa segundo o missal de são Paulo VI já se manifestou a favor das uniões homossexuais, legalizadas no país em 26 de maio de 2020.

Ao concluir a celebração da missa no dia 25 de maio de 2020, dom Buigues Oller disse que “amanhã temos dois acontecimentos importantes”. Um deles, disse, era o segundo aniversário da sua ordenação episcopal. “E, como sabem, amanhã entra em vigor o matrimônio igualitário. É um acontecimento relevante em nosso país”, acrescentou.

O bispo de Alajuela disse na ocasião que “para nós o matrimônio é a união entre o varão e a mulher, mas nos alegramos de que também outros casais tenham direitos civis”.

“Como vamos ficar chateados pelo fato de que outras pessoas, que também têm algum tipo de vida em comum, tenham direitos civis?”, questionou. Segundo ele, “temos que ser tolerantes, vivemos em uma sociedade aberta”.

“A gente se alegra pela existência de diferentes tipos de relações humanas, diferentes caminhos familiares”, disse o bispo. “Eu creio que onde haja manifestações de carinho e uma expressão de família, de alguma forma Deus ali se manifesta”.

A missa foi transmitida pelo Facebook da diocese de Alajuela, mas removido posteriormente devido à controvérsia.

No dia seguinte, o bispo leu um comunicado assegurando sua “adesão total” ao ensinamento da Igreja sobre o matrimônio, formado por um homem e uma mulher.

Punido por suposta desobediência

Dom Bartolomé puniu, no dia 17 de agosto, o padre Sixto Varela Santamaría depois dele ter celebrado a missa ´Novus Ordo` em latim e ´ad orientem` (olhando “para Deus”), prática permitida pela Igreja.

Em declarações ao jornal La Nación, o padre Luis Hernández Solís, porta-voz da diocese de Alajuela, afirmou que a sanção contra o padre Varela Santamaría se devia ao fato dele ter continuado celebrando a missa tradicional em latim com o missal de são João XXIII, conhecida também como missa tridentina, após a publicação do motu proprio Traditionis custodes, do papa Francisco.

Como parte da sanção, o padre Varela deixará de ser pároco da paróquia Patriarca São José.

No entanto, a Associação Summorum Pontificum Costa Rica, à qual o padre Varela Santamaria atende pastoralmente, negou que o sacerdote tenha desobedecido seu bispo e que ele tenha continuado celebrando a missa tradicional em latim com o missal de são João XXIII.

A instituição lembrou que, após a publicação da Traditionis custodes, não tiveram a permissão de dom Buigues Oller para celebrar a missa tradicional em latim. Ao não obter a permissão, fizeram a opção por celebrar a missa ´Novus Ordo` em idioma latino e virado ´ad orientem`, cumprindo com as normas atuais da Igreja.

Em áudio do WhatsApp difundido na mídia local, o padre Sixto Varela anunciou que será enviado ao México por ordem de dom Buigues Oller. Ele permanecerá lá por três meses recebendo acompanhamento espiritual, psicológico e médico em uma instituição confiada aos Missionários do Espírito Santo.

O sacerdote descartou a possibilidade de recorrer contra a pena imposta pelo bispo de Alajuela, dizendo que “ama a Igreja”.

O que Francisco pede na Traditionis custodes?

O motu proprio Traditionis custodes do papa Francisco foi publicado em 16 de julho de 2021 com o objetivo de restringir a possibilidade de que os sacerdotes celebrem a missa na forma extraordinária, ou seja, com o missal anterior a 1970.

Em carta que acompanha e explica o motu proprio, o papa afirmou: “entristece-me o uso instrumental do Missal Romano de 1962, que se caracteriza cada vez mais por uma rejeição crescente não só da reforma litúrgica, mas do Concílio Vaticano II, com a afirmação infundada e insustentável de que ele traiu a Tradição e a verdadeira Igreja”.

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Com o documento, Francisco revoga as disposições dadas pelo seu predecessor, o hoje papa emérito Bento XVI através do seu motu proprio Summorum Pontificum.

Proibição total da missa tradicional em latim na Costa Rica

A Conferência Episcopal da Costa Rica foi uma das que respondeu com maior dureza contra a missa tradicional após a publicação de Traditionis custodes.

Em comunicado divulgado em 19 de julho, apenas três dias depois da publicação do motu proprio do papa Francisco, os bispos costa-riquenhos determinaram que “doravante não se autoriza o uso do Missale Romanum de 1962 nem de nenhuma outra das expressões da liturgia anterior a 1970”.

Além disso, disseram que “nenhum presbítero tem autorização para continuar celebrando segundo a liturgia antiga”.

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