O Arcebispo de Munique e Freising, Cardeal Reinhard Marx anunciou que a Igreja Católica na Alemanha está embarcando em um "processo sinodal" para abordar e debater o que denomina como sendo as três questões principais decorrentes da crise do abuso clerical.

O também presidente da Conferência Episcopal Alemã se refere às três questões como: celibato sacerdotal, ensinamentos da Igreja sobre moral sexual e redução do poder clerical.

Ao concluir a sessão plenária dos bispos alemães no dia 14 de março, o Cardeal Marx disse em uma coletiva de imprensa que os bispos decidiram por unanimidade "empreender um processo sinodal vinculante como Igreja na Alemanha, que permitirá um debate estruturado e se desenvolverá dentro de um período estabelecido".

"As investigações sobre os abusos e, consequentemente, a necessidade de realizar novas reformas mostram que: a Igreja na Alemanha está vivendo uma reviravolta", sustentou.

Neste contexto, o Cardeal Marx disse que o ensinamento da Igreja sobre a moral sexual ainda não levou em consideração as descobertas recentes e significativas da teologia e das humanidades e que o significado da sexualidade para a pessoa ainda não recebeu atenção suficiente da Igreja.  

Os bispos "sentem que muitas vezes somos incapazes de falar sobre questões de comportamento sexual atual", indicou o Purpurado.

O Arcebispo de Munique também disse que os bispos alemães apreciam o celibato sacerdotal como uma "expressão do vínculo religioso com Deus" e não querem simplesmente renunciar a ele; no entanto, há também a necessidade de compreender até que ponto essa norma faz parte "do testemunho dos sacerdotes em nossa Igreja".

Sobre o abuso clerical de poder, o Purpurado disse que constitui uma traição à confiança das pessoas que precisam de estabilidade e orientação religiosa. Portanto, o "processo sinodal" estaria encarregado de identificar quais medidas deveriam ser tomadas para alcançar "a necessária redução do poder (clerical)".

Como primeiro passo no processo, o Cardeal Marx anunciou que os bispos alemães decidiram estabelecer três grupos de trabalho preparatórios e que os relatórios provisórios estão previstos para o dia 13 de setembro.

O "processo sinodal" envolverá consultas com o "Comitê Central dos Católicos Alemães", uma organização leiga que coopera estreitamente com a conferência episcopal e recorrerá a especialistas externos.

Os bispos alemães estiveram no centro de diversas polêmicas nos últimos anos, por suas propostas de dar a Comunhão aos divorciados em segunda união ou a protestantes, assim como por condicionar os sacramentos àqueles fiéis que pagarem imposto para a Igreja.

Além disso, alguns membros do clero abriram o debate solicitando uma mudança na moral sexual da Igreja para permitir a ordenação sacerdotal de mulheres, o fim do celibato obrigatório ou as cerimônias de “bênção” para os casais homossexuais.

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