Vaticano, 9 de out de 2019 às 13:46
O Prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, Cardeal Robert Sarah, advertiu que é abominável e um insulto a Deus usar o Sínodo da Amazônia para introduzir planos ideológicos, como a ordenação sacerdotal de homens casados.
O Purpurado fez esta advertência em uma entrevista publicada pelo jornal italiano ‘Corriere della Sera’.
Questionado sobre a sua opinião sobre o Sínodo da Amazônia, o Cardeal Sarah assegurou ter escutado que queriam fazer deste evento "um laboratório para a Igreja universal", enquanto outros afirmaram "que depois desse sínodo nada será como antes". “Se isso é verdade, isso é desonesto e enganoso. Esse sínodo tem um objetivo específico e local: a evangelização da Amazônia”, afirmou.
“Temo que alguns ocidentais estejam usando esta assembleia para fazer avançar seus planos. Penso em particular na ordenação de homens casados, na criação de ministérios femininos e na jurisdição dos leigos. Esses pontos tocam a estrutura da Igreja Universal. Aproveitar a oportunidade para introduzir planos ideológicos seria uma manipulação indigna, um engano desonesto e um insulto a Deus que guia sua Igreja e confia a ela seu plano de salvação. Além disso, fiquei surpreso e indignado que a angústia espiritual dos pobres na Amazônia seja usada como uma desculpa para apoiar projetos típicos do cristão burguês e mundano. É abominável”, destacou na entrevista.
Também explicou que a proposta de ordenar viri probati, isto é, de homens idosos casados de comprovada virtude, em áreas remotas para celebrar a Missa, confessar e dar a unção dos enfermos, sem função de guia, é uma “proposta teologicamente absurda e implica uma concepção funcionalista do sacerdócio, no sentido de que se pretende separar os três senhorios", santificante, docente e governante, “em total contradição com os ensinamentos do Concílio Vaticano II e de toda a Tradição da Igreja latina que estabelece sua unidade substancial”.
Também advertiu que "a ordenação presbiteral dos homens casados significaria, na prática, colocar em discussão a obrigatoriedade do celibato como tal".
“Nesse sentido, é bom lembrar a frase de São Paulo VI que o Papa Francisco fez sua em um discurso a um grupo de jornalistas em 27 de janeiro de 2019: 'Prefiro dar a vida antes de mudar a lei do celibato'”, afirmou.
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Por isso, o Prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos enfatizou que “não há nenhum medo. O sínodo estudará, depois o Santo Padre fará as conclusões”.
A questão é outra, assinalou, “compreender o sentido da vocação sacerdotal. Perguntar-se por que não há mais pessoas dispostas a dar-se por inteiro a Deus, no sacerdócio e na virgindade”.
“No entanto, prefere-se raciocinar sobre táticas, com a presunção de que estas possam ajudar a resolver os problemas maiores e geralmente de justiça. Quantas vezes ouvi dizer que, se os sacerdotes pudessem se casar, não haveria pedofilia. Como se não soubéssemos que o problema, de fato, o crime, está relacionado principalmente às famílias, porque é onde ocorre principalmente”, indicou.
Essas abordagens são, em sua opinião, “a presunção dos homens. E, francamente, não acho que as igrejas, onde hoje não existe o celibato sacerdotal, sejam muito mais prósperas que a Igreja Católica, se esse é o objetivo”.
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— ACI Digital (@acidigital) October 9, 2019