Grupos e ativistas pró-vida irlandeses destacaram a importância de preservar o chamado período de espera de três dias antes de realizar o aborto, pois novos dados mostram que cerca de 1,5 mil mulheres no país optaram por não abortar depois da primeira consulta. O aborto livre é legal na República da Irlanda até 12 semanas de gravidez. A lei, porém, exige um período de espera de três dias entre a primeira consulta com o médico e o aborto.

Uma consulta feita pelo Parlamento irlandês junto a funcionários públicos da saúde mostrou que 8.057 mulheres na República da Irlanda fizeram a consulta inicial para um aborto. Dessas, 6.577 mulheres voltaram para abortar depois da espera de três dias.

"Minha principal preocupação aqui é garantir que as mulheres e os bebês sejam protegidos e apoiados", disse Carol Nolan, deputada independente do partido Dáil de Laois-Offaly, que tomou a iniciativa da consulta parlamentar.

Nolan acusou tanto o atual Ministro da Saúde, Stephen Donnelly, membro do partido Fianna Fáil, como seu antecessor, de ter "uma espécie de atitude fria para com aqueles que procuram enfatizar a necessidade de reduzir os abortos ao invés de promovê-los".

“Não é aceitável e vou continuar lutando contra isso. Podemos e devemos fazer o melhor pelas mulheres e seus bebês”, disse Nolan.

“Há uma proporção considerável de mulheres que mudam de ideia entre a primeira visita, quando discutem o aborto com seu médico de família, e a prática do aborto”, disse Eilis Mulroy, do grupo Campanha Pró-Vida, com base na Irlanda.

Mulroy disse que "os números de 2020 mostram que 1.480 mulheres optaram por não fazer um aborto durante” este período de três dias que "pode ​​não ter sido o único ou o mais importante fator em todos esses casos", mas "certamente foi uma medida significativa”.

“Muitas vidas foram salvas com o período de espera de três dias, o que mostra seu valor intrínseco”, acrescentou.

Niamh Uí Bhriain, do Life Institute, disse ao meio de comunicação Gript News que o período de espera é uma proteção importante.

“Claramente, sem o período de reflexão, a taxa de aborto, já surpreendentemente alta, seria ainda maior”, disse. “Nenhuma pessoa fazendo uso da razão quer isso, ou quer que mais abortos sejam feitos. As tentativas dos defensores do aborto de eliminar o período de espera de três dias devem ser vigorosamente resistidas”, acrescentou.

A porta-voz do Right to Life UK, Catherine Robinson, disse que "não é surpreendente que possa haver uma ligação entre ter um período de espera na lei e uma redução no número de mulheres que fazem um aborto".

“Mesmo os defensores do aborto, que muitas vezes reduzem o debate ao termo ‘escolha’, deveriam favorecer a introdução de períodos de espera. Claramente é uma oportunidade para que as mulheres considerem suas opções e, talvez, encontrem a ajuda que precisam para seguir adiante com a gravidez”, acrescentou.

Além da Irlanda, países como Bélgica, Itália, Holanda, Portugal e Espanha têm um período de espera de pelo menos três dias entre uma consulta inicial e o aborto em si.

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