No último domingo, 14 de abril, completaram-se cinco anos do sequestro perpetrado por terroristas do Boko Haram que levaram mais de 200 jovens cristãs de uma escola de Chibok, na Nigéria, e, passado todo este tempo, o paradeiro de 112 delas ainda é desconhecido.

Das jovens sequestradas pelo Boko Haram, algumas conseguira escapar, outras foram libertadas em outubro de 2016 e outras 82 foram libertadas em maio de 2017, como resultado de negociações entre o governo e os terroristas.

Conforme assinalou a Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN), ao recordar esta data, algumas das jovens que alcançaram a liberdade estão estudante em uma universidade nos Estados Unidos, com bolsas pagas pelo governo nigeriano.

Entretanto, em declarações ao canal de televisão ‘Deutsche Welle’, Reginald Braggs, diretor da Universidade Americana de Yola, contou que há um padrão comum à maior parte destas jovens após a experiência de cativeiro.

“Há coisas que persistem: sentimentos de depressão, de não se quererem levantar de manhã, sentindo-se mal…”, relatou, assinalando que algumas destas dezenas de jovens cristãs sofrem ainda as consequências do sequestro, especialmente as que ficaram com marcas físicas por causa do ataque à escola, como “feridas com estilhaços de granada, com uma bala no fígado… ou com uma perna que sofreu o impacto de uma explosão…”

Para o diretor da Universidade, o que estas jovens cristãs precisam agora é de “paz e sossego”.

O ataque à escola de Chibok

Era dia 14 de abril de 2014, quando um grupo de terroristas do Boko Haram invadiu uma escola em Chibok, reuniu a maior parte das alunas, as quais tinham entre 12 e 18 anos e eram na maioria cristãs, e incendiou o edifício.

As jovens foram obrigadas a entrar em caminhões e seguiram para um acampamento do grupo terrorista situado na floresta de Sambisa. No caminho, algumas conseguiram fugir.

No mês seguinte, o líder do Boko Haram, Abubakar Shekay, apareceu em um vídeo, no qual se viam dezenas de moças vestidas dos pés à cabeça com trajes muçulmanos. Ele, então, ameaçou vender as jovens, afirmando que “a escravidão é permitida” na sua religião.

O sequestro de Chibok horrorizou o mundo e levou à criação de uma campanha global para a libertação das jovens, “Bring Back Our Girls” – “Tragam de volta as nossas meninas”. O objetivo foi sensibilizar a opinião pública para o drama destas estudantes e para a situação terrível que se vive na Nigéria, em especial no nordeste do país, onde o Boko Haram tem espalhado a violência e a morte para a edificação de um califado na região.

Sequestros do Boko Haram

O Boko Haram é um grupo terrorista aliado ao Estado Islâmico e considerado um dos mais temíveis e sanguinários da atualidade.

O ataque à escola de Chibok, porém, não foi uma ação isolada. Em fevereiro de 2018, o grupo terrorista também atacou uma escola em Dapchi, na diocese de Maiduguri, e levaram sequestradas 110 jovens.

Um mês depois desse sequestro, todas as moças foram devolvidas às suas famílias, exceto a cristã Leah Sharibu, de 15 anos. Ela foi mantida em cativeiro porque não aceitou a condição imposta pelos sequestradores, isto é, que renunciasse ao Cristianismo e se convertesse ao Islã.

Desde então, não há sinais de sua possível libertação. Para o pai de Leah, Nathan Sharibu, “a confiança e a fé” manifestadas pela sua filha fizeram-no perceber que tem vivido “sob o mesmo teto com uma admirável discípula de Cristo” e, por isso, sente-se agora “altamente encorajado” pelo seu exemplo.

Atualmente, estima-se que cerca de duas mil mulheres, meninas e rapazes estejam em cativeiro do Boko Haram. Destas, 112 foram sequestradas da escola em Chibok há cinco anos.

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