A Capela Sistina fecha suas portas ao público a partir de hoje, terça-feira 5 de março para iniciar os preparativos do próximo Conclave que escolherá o sucessor de Bento XVI.

Do mesmo modo, conforme indica um comunicado dos museus vaticanos, não será possível, por parte do público, visitar neste período os Apartamentos Borgia e a Coleção de Arte Religiosa Moderna dos museus.

A data do início do Conclave será anunciada proximamente quando o Colégio Cardinalício a tenha decidido em alguma das congregações gerais que estão sendo realizadas na Sala Nova do Sínodo dos Bispos em Roma.

Os 115 cardeais eleitores que se reunirão no Conclave para escolher o novo Papa votarão diante do afresco do Juízo Final pintado por Michelangelo na parede do altar da Capela Sistina, que mostra Cristo representado no instante precedente ao veredicto do Julgamento.

Assim, o afresco poderia servir de referência aos cardeais quando se dirigirem a votar durante os escrutínios, já que o farão ante o olhar de quem um dia também osjulgará, conforme indicou em declarações à agência Europa Press o Bispo Auxiliar de Madri, Dom César Franco.

"Não há dúvidas de que quando os cardeais vão votar têm ali uma referência impressionante para fazê-lo olhando a quem um dia os julgará", indicou.

Recolhido à oração

Dom César Franco explicou que a Capela Sistina, onde tradicionalmente são celebrados os Conclaves, é um lugar "recolhido, de oração" com um altar e frente ao afresco que representa o Julgamento de Cristo no final dos tempos.

Para o Bispo Auxiliar de Madri, "quando se conhece a Capela Sistina, pode-se perceber que é um âmbito extraordinário" para celebrar um acontecimento deste tipo.

A Capela Sistina deve seu nome ao Papa Sisto IV della Rovere, Pontífice desde 1471 até 1484, quem ordenou a reconstrução da antiga Capela Magna entre o ano de 1477 até 1480.

A decoração, do século XV, foi realizada por uma equipe de pintores formada originariamente por Pietro Perugino, Sandro Botticelli, Domenico Ghirlandaio, Cosimo Rosselli, ajudados por seus respectivos atelieres e por alguns de seus colaboradores entre os que destacam Biagio di Antonio, Bartolomeo della Gatta e Lucas Signorelli.

Assim, nas paredes foram pintaram falsas cortinas, as Histórias de Moisés e de Cristo e os retratos dos Pontífices. Além disso, sobre a abóbada, Pier Matteo d'Amelia pintou um céu estrelado. A realização dos afrescos começou em 1481 e foi concluída em 1482.

Desta época também datam o coro e o escudo pontifício em cima da porta de entrada. Em 15 de agosto de 1483 Sisto IV consagrou a nova capela à Virgem da Assunção.

A reforma de Michelangelo em 1508

Já no século XVI, Julio II della Rovere (Pontífice desde 1503 até 1513), sobrinho de Sisto IV, decidiu modificar parcialmente a decoração desta, confiando esta tarefa a Michelangelo em 1508, quem pintou a abóbada e as lunettes (seções em forma de arcos), na parte alta das paredes. Em outubro de 1512 o trabalho tinha terminado e no dia de Todos os Santos, inaugurou-se a capela Sistina com uma Missa solene.

Nos nove quadros centrais estão representadas as Histórias do Gênesis, da Criação até a Queda do homem, do Dilúvio e do novo renascer da humanidade com a família de Noé.

Para fins de 1533, Clemente VII de' Medici (Pontífice desde 1523 até 1534) encarregou a Michelangelo que modificasse mais uma vez a decoração da capela pintando na parede do altar o Juízo Final, afresco no qual o artista quis representar o retorno glorioso de Cristo à luz dos textos do Novo Testamento.

Michelangelo iniciou a grandiosa obra em 1536 e a concluiu no outono de 1541. Entre 1979 e 1999, os afrescos da Capela Sistina foram restaurados completamente.