O ex-vigário-geral da diocese de Speyer, Alemanha, Andreas Sturm, que anunciou na sexta-feira sua renúncia de todos os cargos e sua conversão aos vétero-católicos da Alemanha, disse ontem (17): "houve relacionamentos em minha vida e que também violei meu celibato".

Os vétero-católicos da Alemanha são uma comunidade que se separou da Igreja por causa do Concílio Vaticano I (1869-1870).

Em entrevista ao jornal Mannheimer Morgen, Sturm disse que um relacionamento "não foi decisivo no momento", mas que ele poderia "bem imaginar viver em relacionamentos".

A editora Herder anunciou na segunda-feira que Sturm publicaria um livro intitulado Tenho que Sair desta Igreja em meados de junho.

"Para mim, sempre houve apenas a Igreja Católica Romana e minha vida nela e com ela", disse o agora ex-católico, segundo Herder. "Agora eu tenho me perguntado se sou codependente também. Codependente dessa igreja. Essa imagem de codependência veio à minha mente porque as pessoas continuam me mandando mensagens de texto, 'Você é a razão pela qual eu não estou saindo da Igreja.' Mas posso querer isso?"

Sturm disse ao jornal Die Rheinpfalz na segunda-feira ter pensado há um ano e meio se a Igreja Católica Romana ainda era o lugar certo para ele. "No começo eu nem tinha a ideia de escrever um livro, mas mantinha uma espécie de diário para mim mesmo", disse.

No diário ele anotou o que o mantinha na igreja, mas também coisas que "tornavam cada vez mais difícil ficar”.

“Em dado momento percebi que também queria compartilhar o que escrevi com as pessoas. E foi assim que aconteceu a ideia do livro”.

Sturm disse que, já no seminário, às vezes se perguntava: "Isso é certo para mim?" Mesmo como capelão e paróquia havia dúvidas sobre a igreja. "Mas no cargo de vigário geral foi mais fácil para mim dar espaço a essas dúvidas e pensar em me aposentar", disse Sturm.

Segundo o ex-vigário-geral, os temas mais importantes que o afastaram da Igreja foram a ordenação de mulheres e "a abolição do celibato obrigatório, lidar com pessoas queer, co-determinação para leigos, cerimônias de bênção para homossexuais e moralidade sexual na igreja".

A reforma de todos esses pontos consta dos documentos já aprovados pelo Caminho Sinodal Alemão, processo de debates que envolve bispos e leigos da Alemanha.

Sturm disse à CNA Deutsch, agência em alemão do grupo ACI, ter perdido “a esperança e a confiança, ao longo dos anos, de que a Igreja Católica romana pode realmente se transformar”.

“Ao mesmo tempo, eu experimento quanta esperança foi posta nos processos correntes como o Caminho Sinodal, mas não estou mais em posição de também proclamar e sinceramente partilhar dessa esperança, porque, simplesmente não a tenho mais,” disse Sturm.

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