O prefeito da Congregação para os Bispos, Cardeal Marc Ouellet, presidiu a Peregrinação Internacional Aniversária de agosto no Santuário de Fátima, Portugal, e recordou nesta ocasião os migrantes e os refugiados, os quais apresentou como “mensageiros de Deus”.

A Peregrinação Aniversária teve início na segunda-feira, 12 de agosto, e foi encerrada na manhã desta terça-feira, com a Missa Internacional e a procissão do adeus. Integra também a Peregrinação Nacional do Migrante e Refugiado, um dos pontos altos do programa da 47ª Semana Nacional das Migrações, promovida pela Igreja Católica de 11 a 18 de agosto, cujo tema é “Não são apenas migrantes”.

Na tarde de ontem, na saudação a Nossa Senhora, que inaugurou a Peregrinação de agosto, na Cova da Iria, o Cardeal Ouellet assinalou que “as caravanas de migrantes nunca foram tão numerosas como neste nosso tempo perturbado por tantos males e ameaças”.

O Purpurado canadense dirigiu seu pensamento “particularmente” àqueles que “sofrem pela sua condição de migrante, que choram pelas suas famílias e amigos que deixaram nos seus países de origem, que ainda não encontraram uma situação conveniente no país de adoção”.

“Fátima é um lugar privilegiado de graça, de consolo e de esperança. Unimo-nos à oração da Virgem Maria, à oração das santas crianças mensageiras Francisco e Jacinta, e à do Santo Padre que não se cansa de chamar a atenção do mundo inteiro para o destino dos migrantes e dos refugiados”, acrescentou.

Mais tarde, o também presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina presidiu a Vigília da Peregrinação Internacional Aniversária e, em sua homilia, assinalou que os migrantes e refugiados são “mensageiros de Deus”.

“Não sois apenas miseráveis expostos a todas a intempéries, sois mensageiros de Deus que, através de vós, recorda a todos o destino comum da humanidade a caminho até à cidade de Deus, a Jerusalém celeste prometida a todos os homens de boa vontade”, declarou.

O Purpurado também se dirigiu aos demais peregrinos presentes em Fátima para ressaltar a importância da solidariedade para com os migrantes e refugiados, exortando-os ainda à oração pela ação do Espírito Santo para que estes sejam “reconfortados, consolados, levantados”.

“A vossa solidariedade para com todos eles, que manifestais através desta peregrinação, é um sinal dos tempos e um sinal de Deus em ação na história, Deus que revela através do seu povo a caminho a aspiração profunda da humanidade que ultrapassa de fato o horizonte terrestre”, afirmou.

Já na manhã desta terça-feira, o Cardeal Marc Ouellet presidiu a Missa Internacional e salientou o drama dos migrantes, recordando aos presentes que todos são “peregrinos e mendigos da esperança”, mas também “missionários”, “apóstolos ativos”, a quem se exige “uma caridade mais fervorosa, mais paciente e criativa, para que encontremos a nossa alegria e a nossa salvação não apenas quando as nossas preces são atendidas, mas também na alegria de servir os nossos irmãos e irmãs”.

“Hoje, pensamos particularmente em todos os migrantes e refugiados que percorrem as estradas do nosso planeta à procura de uma pátria terrestre melhor, mas à procura também da pátria que Deus prepara para nós na Jerusalém Celeste, cujas portas Cristo escancarou a fim de aí acomodar toda a família humana resgatada pelo seu sangue”, ressaltou.

Em seguida, indicou que “o povo de Deus a caminho leva consigo as suas alegrias e as suas tristezas e é solidário com toda a humanidade em Cristo, Príncipe da Paz”.

“O nosso olhar sobre Maria e o olhar de Maria sobre nós, iluminados pelo Espírito Santo, fazem de nós novas criaturas, homens e mulheres de esperança, peregrinos que de repente sentem que o fardo é mais leve, pobres que repentinamente param de se queixar e começam a ter compaixão pelos que são mais vulneráveis e sofredores”, completou.

Oferta do trigo

A Missa desta terça-feira na Cova da Iria integrou a tradicional oferta do trigo, pelos peregrinos, no momento da apresentação dos dons.

Segundo explica o Santuário de Fátima, trata-se de um ritual que se celebra desde 13 de agosto de 1940, quando um grupo de jovens da Juventude Agrária Católica, de 17 paróquias da diocese de Leiria, ofereceu 30 alqueires de trigo destinados à fabricação de hóstias para consumo no Santuário de Fátima.

No ano passado, o Santuário recolheu 4.685 kg de trigo e 327 kg de farinha, oferecidos pelos peregrinos.

Confira também:

Mais em