A Nicarágua anunciou que entregará à China todos os bens que o governo de Taiwan tinha no país centro-americano, inclusive os que havia doado à Igreja Católica, depois que o governo de Daniel Ortega rompeu relações diplomáticas com a ilha para reconhecer a China como uma só nação.

Em 26 de dezembro, o CDNN, veículo de comunicação local, publicou no Twitter um documento da Procuradoria-Geral da República (PGR) da Nicarágua que anunciava a entrega de todos os bens e propriedades de Taiwan para a China e avisou que “iniciará ações judiciais” com qualquer entidade que se opuser a essa medida.

 

Em 9 de dezembro, o governo da Nicarágua rompeu suas relações diplomáticas com o Governo de Taiwan e deixou de reconhecê-lo como uma república democrática e independente, para mostrar sua lealdade à China, que afirma que a ilha faz parte de seu território.

A Nicarágua estabeleceu relações diplomáticas com Taiwan na década de 1990, quando a presidente Violeta Chamorro assumiu o poder depois de derrotar o então candidato e atual presidente Daniel Ortega nas eleições.

Ortega, um ex-guerrilheiro e líder da Frente Sandinista de Libertação Nacional, teve um primeiro mandato como presidente entre 1985 e 1990. Em 2007 voltou à presidência, na qual se mantém desde então, por meio de reeleições criticadas pela oposição e por instituições, organizações e líderes internacionais.

O governo da Nicarágua estabeleceu o dia 23 de dezembro como prazo para a saída da sede diplomática de Taiwan. O governo de Taiwan disse ter "pouco tempo para se preparar para o fechamento de sua embaixada e para a saída da missão técnica", disse o jornal local La Prensa.

Diante da saída iminente, Taiwan decidiu doar suas propriedades, incluindo o prédio da embaixada, para a arquidiocese de Manágua, Nicarágua. A informação foi confirmada ao jornal La Prensa pelo vigário arquidiocesano, monsenhor Carlos Avilés.

Antes de partir, eles doaram “todos os seus bens, entre eles estava o prédio, eles o ofereceram à arquidiocese” e a arquidiocese respondeu “que não havia nenhum problema, mas ainda estão nas questões jurídicas da transferência”, disse monsenhor Avilés. “Qualquer doação material é bem recebida, vamos aproveitar para o serviço do povo”, acrescentou.

Segundo o jornal La Prensa, o governo de Taiwan também teria deixado "para a Igreja Católica todos os bens e veículos que Taiwan tinha na Nicarágua".

No comunicado da PGR, o governo do presidente Daniel Ortega não só ratificou que desde 9 de dezembro existe "apenas uma China", mas afirmou que isso " implica o registro imediato de todos os imóveis, equipamentos e meios a favor do Estado reconhecido, a República Popular da China, com propriedade e domínio absolutos e irrestritos”.

Referindo-se às doações feitas pelo governo de Taiwan, a PGR alertou em seu comunicado que não há espaço para transações ou transferências “cuja intenção apenas evidencia o caráter ilegal e voraz de quem pretende com manobras e subterfúgios, apropriar-se do alheio”.

O regime de Daniel Ortega não só cancelou a doação concedida à Igreja, mas também disse que “as entidades que insistam em reivindicações ilegítimas e ilegais serão expostas aos tribunais e ações judiciais correspondentes”.

Organizações de direitos humanos denunciaram que o governo de Daniel Ortega persegue e prende cidadãos que se opõem ou se manifestam contra o regime, fato que afeta também membros da Igreja Católica.

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