24 de abr de 2024 às 06:00
Hoje (24) celebrada a conversão de santo Agostinho, bispo, doutor e padre da Igreja, padroeiro dos que buscam a Deus.
Num dia 24 de abril de 387, Agostinho de Hipona foi batizado em Milão, Itália, por santo Ambrósio, bispo da cidade. O santo vindo do norte da África tinha então trinta e três anos, por isso sempre descreveu sua conversão como "tardia".
Padre Alejandro Moral Antón OSA, prior geral da Ordem de Santo Agostinho, falou sobre o significado desta data há alguns anos: “Neste dia, em que celebramos a conversão e o batismo de nosso pai santo Agostinho, de quem todos nos sentimos como discípulos e filhos, queremos partilhar ainda mais fortemente a sua própria experiência: um grande e precioso dom que nos leva à verdade, nos fortalece no amor e nos ajuda a viver na liberdade” (Mensagem a todos os irmãos, irmãs e leigos da Família Agostiniana, 24 de abril de 2021).
Santo Agostinho foi um brilhante orador, filósofo e teólogo, autor de muitos textos de suma importância para a história do cristianismo e da cultura ocidental como as "Confissões" e "A Cidade de Deus".
Uma conversão chama outras conversões
O prior dos agostinianos, na mesma mensagem, fala com insistência da necessidade do acompanhamento da Igreja, comunidade dos batizados, para alcançar a meta que santo Agostinho tanto ansiava e que mantinha o seu coração sempre "inquieto": " Ajudemo-nos uns aos outros para que, quando chegarmos ao ápice de nosso caminho de conversão e descoberta do imenso amor de Deus, também nós possamos exclamar, com a mesma alegria e persuasão de nosso pai Agostinho: 'Agora eu só amo a Ti, só busco a Ti, só estou disposto a servir-Te' (Sol, 1005.5)”.
Uma conversão autêntica é uma mudança radical, uma transformação do coração e da mente segundo a medida de Cristo. É um processo exigente, deixar o que nos impede de chegar a Deu, que requer a Graça, por um lado, e a colaboração da própria liberdade, por outro. Sábio é Deus que conhece e atrai o coração humano:
"Na esperança de que todos nós possamos reconhecer em nossa vida cotidiana a beleza 'tão antiga e tão nova' de Deus e de suas obras, eu os abençoo invocando a intercessão de santo Agostinho sobre a nossa ordem e a amável proteção de Maria, a quem celebramos estes dias com o belo título agostiniano de Mãe do Bom Conselho”, conclui o padre Moral Antón.
“Este teu irmão estava morto, e reviveu; tinha se perdido, e foi achado" (Lc 15,32).
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Santo Agostinho nasceu em 13 de novembro de 354, em Tagaste, ao norte da África, atual Argélia. Deus usou de sua mãe, santa Mônica, para que Agostinho conhecesse a Cristo; ela foi a mãe dedicada que nunca deixou de orar por seu filho.
Em sua juventude, Agostinho entregou-se a uma vida libertina e imoral, entregue aos prazeres mundanos e à busca de prestígio. Durante catorze anos conviveu com uma escrava, com quem teve um filho chamado Adeodato, que morreu ainda jovem.
Segundo o próprio Agostinho conta, estava no jardim imerso em profunda melancolia, preso em suas divagações, quando ouviu uma voz parecida com a de uma criança -ou talvez de uma mulher- vinda da casa vizinha e que repetia: " Tolle lege; tolle lege” (pegue e leia; pegue e leia). O santo interpretou isso como um chamado de Deus para abrir a Sagrada Escritura que tinha nas mãos e lê-la. Ele o fez, aleatoriamente, e se deparou com o capítulo 13 da Carta de São Paulo aos Romanos:
"Nada de orgias, nada de bebedeira; nada de desonestidades nem dissoluções... Revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e não façais caso da carne nem lhe satisfaçais aos apetites" (Rm 13, 13-14). Desde aquele momento até o dia em que foi batizado, tudo ficou mais claro e tranquilo por dentro: a partir daquele momento ele resolveu deixar sua vida passada, cheia de correntes e frustrações, para ir atrás da pureza perdida e entregar sua vida ao Senhor.
O batismo e seu impacto na vida do cristão
No ano de 387, Agostinho foi batizado, já maduro, junto com Adeodato, seu filho, que morreria pouco depois. O santo sabia muito bem que se convertia com a mesma idade em que Cristo terminou sua obra na terra. Ele sabia que suas idas e vindas na vida não passavam de desperdício, cegado por aparências e miragens.
Deus o chamou para o sacerdócio e episcopado. Agostinho governou a diocese de Hipona por 34 anos. Graças aos seus dons intelectuais e espirituais, ele foi uma luz em meio a um mundo que estava quebrado em todos os sentidos. Pela sua lucidez, coragem e sabedoria era respeitado pelos próprios e estrangeiros, dentro e fora da Igreja.
Combateu heresias, lutou contra correntes contrárias à fé e à verdade, convocou e celebrou concílios e viajou anunciando o Evangelho.
Em agosto de 430, santo Agostinho adoeceu e morreu no dia 28 daquele mês com 75 anos, razão pela qual a Igreja celebra nessa data a sua festa universal.