A justiça vaticana realizou na manhã desta terça-feira, 18 de fevereiro, uma nova operação contra os crimes financeiros e apreendeu documentação e equipamentos de informática durante uma busca no escritório e na casa do ex-chefe da Secretaria do Estado, Mons. Alberto Perlasca.

Segundo informou a Sala de Imprensa da Santa Sé, por meio de um comunicado, a operação foi ordenada pelo Promotor de Justiça, Gian Piero Milano, no contexto da investigação de investimentos financeiros promovidos pela Secretaria de Estado no setor imobiliário.

Do mesmo modo, destaca-se que este procedimento, realizado em conformidade com o princípio da presunção de inocência, é uma consequência dos primeiros interrogatórios de funcionários investigados e suspensos após a busca e apreensão realizada nos escritórios da Secretaria de Estado e da Autoridade de Informação Financeira, em 1º de outubro de 2019.

Segundo informações vazadas naquela ocasião pelo semanário italiano L’Espresso, a investigação do Promotor de Justiça é pelo emprego da Secretaria de Estado de cerca de 725 milhões de dólares, em parte provenientes do Óbolo de São Pedro (fundo de caridade do Papa proveniente das coletas realizadas entre os fiéis católicos), em operações não registradas na contabilidade.

A maioria desses investimentos, de acordo com as informações fornecidas por L´Espresso, foi realizada por meio de agências suíças e italianas do Banco de Investimentos Credit Suisse.

Além disso, as acusações de peculato, fraude, abuso de autoridade, lavagem de dinheiro e lavagem de dinheiro próprio, que se encontram após a investigação promovida pelo Promotor de Justiça, se referem também à compra de um edifício de apartamentos em Londres, no valor de 200 milhões de euros (223 milhões de dólares).

A informação de L´Espresso colocava o financista italiano Raffaele Mincione no centro da trama, que em nome do Vaticano teria investido 200 milhões de euros em uma empresa de petróleo na Angola.

A ideia teria partido do Cardeal Angelo Becciu, que ainda não havia sido criado Cardeal e ocupava um cargo de funcionário de segundo nível na Secretaria de Estado.

Quando o projeto da companhia de petróleo fracassou, o financista italiano sugeriu direcionar o investimento ao edifício de apartamentos em Londres, convertendo antigos armazéns em residências de luxo.

O comunicado divulgado hoje pela Sala de Imprensa informa que o Gabinete do Promotor de Justiça e o Corpo da Gendarmaria Vaticana prosseguem as investigações de caráter administrativo-contábil, em cooperação com autoridades de investigação estrangeiras.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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