SEVILHA, 7 de mar de 2011 às 17:34
Uma menina da cidade de San Fernando (Cádiz, Espanha), de nome Alba, converteu-se no primeiro caso que superou com êxito um câncer de cérebro após ser tratada com células mãe (estaminais ou células tronco) do próprio cordão umbilical do paciente, conforme informou esta segunda-feira a companhia Crio-cord, um dos bancos de conservação de células mãe autorizados na Espanha.
A menina, que nasceu sã em 2007, recebeu aos dois anos de idade um diagnóstico de meduloblastoma, um câncer de cérebro muito pouco freqüente. Por isso, se extirpou a maior parte do tumor e, depois de vários ciclos de quimioterapia, procedeu-se ao transplante de células mãe de sangue do seu próprio cordão umbilical.
Em concreto, foi o serviço de Oncohematología do Hospital Universitário Menino Jesus de Madrid, dirigido pelo doutor Luis Madero, que desenvolveu em 2009 esta intervenção, que agora foi divulgada, sendo hoje Alba uma menina de quatro anos que leva uma vida normal.
O processo para a cura do meduloblastoma começou com a extirpação da maior parte do tumor, no cérebro. Depois Alba se submeteu à quimioterapia para reduzir o tamanho do tumor restante e, continuando, se aplicou quimioterapia mais intensiva para eliminar completamente as células tumorais.
Já nesta última fase, a quimioterapia não só destruiu o tumor, mas também o sistema sangüíneo do paciente, motivo pelo que foi preciso recompor o sistema sangüíneo com células mãe.
Desta forma, procedeu-se ao transplante das células mãe do seu cordão umbilical, que previamente haviam sido solicitadas pelo Hospital Menino Jesus de Madrid pela Crio-cord, quem as trouxe das instalações da Bélgica e Holanda.
Depois do transplante, as células mãe migraram à medula óssea, onde se multiplicaram e começaram a gerar glóbulos brancos, glóbulos vermelhos e plaquetas, iniciando assim a regeneração de seu sistema sangüíneo.
Revisões periódicas
Depois, aos 60 dias do transplante, se infundiram novas células mãe, nesta ocasião provenientes de seu sangue periférico, para acelerar o implante plaquetario. Transcorridos 14 meses depois do transplante, a menina reconstruiu completamente seu sistema sangüíneo e desfruta de uma vida normal, com as lógicas revisões periódicas.
O próprio doutor Madero, quem foi o responsável pelo tratamento de Alba e seu posterior seguimento, assinalou esta segunda-feira que se trata de um caso único na Espanha. "A utilização de células mãe para a regeneração do sistema sangüíneo é um tratamento estendido neste tipo de câncer", resenhou este especialista, quem esclareceu que isto torna único o caso de Alba "já que pela primeira vez em nosso país as células mãe provinham do seu próprio cordão umbilical, conservado ao nascer".
"Nos últimos anos, os transplantes de células mãe do sangue do cordão umbilical experimentaram um crescimento muito importante. Concretamente para o caso de irmãos, estas células mãe são a melhor opção terapêutica que existe", acrescentou.
"Nosso melhor investimento"
Os pais de Alba, Santiago, que é engenheiro informático, e Teresa, professora de Literatura, coincidiram em assinalar que a conservação das células mãe do sangue do cordão umbilical de Alba foi "seu melhor investimento".
"Tudo se originou como resultado de meu interesse pelos programas de divulgação científica, já que tinha visto uma reportagem sobre o tratamento com células mãe para o Parkinson e meu pai, naquela época, tinha Alzheimer e estava sensibilizado sobre o uso de células mãe para as enfermidades degenerativas", explicou Santiago, quem disse que não duvidou em conservar as células mãe do cordão umbilical da pequena Alba.
"Conservar o cordão umbilical é uma aposta pelo futuro, um seguro de vida que não se sabe se será necessário em algum momento, mas que pode salvar uma vida", afirmou sua mãe, Teresa Molina, quem assegura que viu a sua filha nascer duas vezes.
Satisfação na Crio-cord
Por sua parte, o diretor geral da Crio-cord, Guillermo Muñoz, também mostrou sua satisfação pelo êxito do processo. "Na Crio-cord estamos orgulhosos de ter participado do processo de cura de Alba, ademais de que este tipo de notícias confirme que o sangue de cordão umbilical é uma excelente fonte de células mãe, que, ao ser as mais jovens do corpo humano, têm um maior potencial de cura", explicou.
De fato, avançou que os últimos estudos "confirmam o incremento exponencial do uso destas células mãe em todo o mundo, assim como os resultados obtidos com o sangue do cordão umbilical são excelentes em múltiplas enfermidades, como leucemias, linfomas e falhas congênitas da medula óssea".