Os Bispos da Nicarágua aceitaram ser “mediadores e testemunhas” no diálogo convocado pelo presidente Daniel Ortega em 22 de abril, frente à grave situação provocada pelos protestos pelas reformas do Instituto Nicaraguense de Segurança Social (INSS).

Em um comunicado divulgado em 24 de abril, a Conferência Episcopal da Nicarágua (CEN) assinalou que, “depois de rezar, escutar e pedir a ajuda do Espírito Santo”, decidiram “aceitar ser ‘mediador e testemunha’ do diálogo convocado pelo Sr. Presidente da República da Nicarágua, Daniel Ortega Saavedra, no domingo, 22 de abril”.

O diálogo abordará “as situações gravíssimas que a nação nicaraguense está vivendo e que pioraram durante a última semana”.

Os bispos disseram que, “para facilitar o clima de diálogo”, é essencial que o Governo e cada membro da sociedade civil evitem “toda forma de violência” e “prevaleçam o clima sereno e o respeito absoluto pela vida humana de todo nicaraguense”.

Também expressaram a esperança de que, “com espírito sincero e com o desejo de encontrar o bem para a nação, busquem caminhos de paz” e a sociedade civil os aceite como “mediadores e testemunhas”.

“Estamos aguardando a sua respectiva aceitação”, indicou a CEN, que também expressou a sua proximidade e as suas orações especialmente “pelas famílias dos defuntos, feridos e afetados por este conflito”.

Desde o dia 18 de abril, ocorreram protestos contra as reformas do INSS na capital Manágua.

O Governo havia decretado que os trabalhadores teriam que assumir uma contribuição de 6,25% a 7% do seu salário; os empregadores teriam que pagar de 19% a 22,5% dos salários dos seus trabalhadores; e os aposentados teriam que contribuir com 5% do valor da sua aposentadoria.

Nos dias seguintes, outras cidades se uniram aos protestos.

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Os manifestantes foram violentamente reprimidos pela polícia e por grupos ligados ao regime de Ortega. Estima-se que os confrontos deixaram 28 mortos e mais de 80 feridos.

No domingo, 22 de abril, Daniel Ortega revogou a sua reforma e anunciou que estava disposto a dialogar para resolver a crise.

Nesse mesmo dia, depois da oração do Regina Coeli no Vaticano, o Papa Francisco expressou a sua proximidade e rezou pela Nicarágua. “Eu me uno aos bispos em pedir para que cesse toda a violência, que se evite um derramamento de sangue inútil e que as questões abertas sejam resolvidas pacificamente e com um sentido de responsabilidade”, assinalou.

A Arquidiocese de Manágua convidou todos os fiéis a participarem no sábado, 28 de abril, da “Peregrinação de Oração e Consagração da Nicarágua à Virgem Maria” pela paz no país.

O evento começará às 14h e partirá dos pontos da Rotunda El Periodista, do colégio Teresiano e da Rotunda Cristo Rei com destino à Catedral Metropolitana Imaculada Conceição de Maria.

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