O número de pessoas em Portugal que se declaram católicas é de 80,2%, segundo dados do Censos 2021 divulgados ontem (23). A cifra é 8,1% abaixo do registrado há dez anos, quando os católicos representavam 88,3% da população. Na pesquisa, a pergunta sobre religião é facultativa, mas teve uma taxa de resposta de 97%.

Segundo o levantamento do Instituto Nacional de Estatística, 7.043.016 pessoas, maiores de 15 anos que responderam a esta questão, disseram ser católicas. Em 2011, esse número era de 7.281.887 pessoas.

A pesquisa registrou aumento no número de pessoas que dizem não ter religião. Em 2011, 6,84% da população se identificava como sem religião. Atualmente, esse número corresponde a 14,087%.

O número de pessoas que se dizem protestantes/evangélicas também cresceu em Portugal na última década, passando de 0,84% para 2,127%. Já os ortodoxos passaram de 0,63% para 0,688%.

Segundo o levantamento, também foi registrado aumento nos últimos dez anos entre os muçulmanos, que passaram de 0,23% para 0,415%. Os judeus tiveram um pequeno crescimento, de 0,03% para 0,033%.

Os budistas, que há dez anos não chegaram a ser registrados, são agora 0,191% da população. Outras categorias que não entraram no Censos de 2011 foram os hindus e os testemunhas de Jeová. Atualmente, os hindus são 0,222% da população e os testemunhas de Jeová, 0,724%.

Em declarações à Rádio Renascença, o professor Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa, Alfredo Teixeira, disse que “a sociedade portuguesa, que viveu historicamente a partir de uma forte identificação cultural com as instituições católicas, está a fazer um percurso de pluralização”.

Para ele, “as condições sociais que antes promoveram uma espécie de unanimidade religiosa não subsistem e, portanto, naturalmente a sociedade portuguesa vai tornar-se cada vez mais plural do ponto de vista das formas de identificação religiosa e isso afetará sempre o grupo dominante”.

“Talvez de uma forma mais tardia, em todo o caso, as dinâmicas da modernidade europeia afetam a sociedade portuguesa e esse crescimento da população que não se vincula a qualquer religião é um dado muito significativo”, disse.

Teixeira também destacou à Renascença o crescimento entre os que se dizem protestantes/evangélicos. Segundo ele, será “interessante” verificar “até que ponto este crescimento tenderá para uma certa estabilização ou se vai continuar dependente dos fluxos demográficos, em particular do Brasil, que em relação sobretudo às Igrejas evangélicas é determinante”.

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