BERLIM, 27 de mai de 2020 às 12:00
Na terça-feira, 26 de maio, um escritório local de estatística anunciou que um número recorde de pessoas deixou a Igreja na Arquidiocese de Munique e Freising (Alemanha), no ano passado.
O escritório de estatísticas de Munique indicou à CNA Deutsch - agência em alemão do Grupo ACI - que mais de 10 mil pessoas se retiraram formalmente da Igreja em 2019.
Os estatísticos disseram que, desde o início dos registros, esta foi a primeira vez que as saídas anuais excederam a marca de 10 mil. Anteriormente, o número mais alto foi de 9.010, estabelecido em 1992.
Em março, a emissora de serviço público da Baviera, Bayerischer Rundfunk, informou que as pessoas deram uma variedade de razões para sair, incluindo o desejo de parar de pagar os impostos da Igreja, o escândalo de abuso clerical e a posição das mulheres dentro da Igreja.
A Igreja na Alemanha é financiada em grande parte por um imposto cobrado pelo governo. Se um indivíduo está registrado como católico, então 8-9% de seu imposto de renda vai para a Igreja. A única maneira de parar de pagar o imposto é fazer uma declaração oficial de renúncia de sua participação na Igreja, na qual renunciam a receber os sacramentos e ao enterro católico.
Embora o número de católicos que abandonam a fé tenha aumentado constantemente desde os anos 1960, a renda da Igreja também aumentou. Em 2018, os ingressos aumentaram em 6,64 bilhões de euros, enquanto mais de 216 mil pessoas abandonaram a Igreja, segundo um relatório da Conferência dos Bispos Alemães.
No ano passado, os bispos anunciaram planos para um “Caminho Sinodal” de dois anos, reunindo leigos e consagrados para discutir quatro temas principais: a forma como se exerce o poder na Igreja; a moralidade sexual; o sacerdócio e o papel das mulheres na Igreja.
Os prelados indicaram que o processo terminaria com uma série de votos "vinculantes", fato que gera preocupação no Vaticano, devido à possibilidade de que as resoluções desafiem o ensinamento e a disciplina da Igreja.
Em junho, o Papa Francisco enviou uma carta de 28 páginas aos católicos alemães exortando-os a se centrarem na evangelização diante de uma “crescente erosão e deterioração da fé”.
"Cada vez que uma comunidade eclesial tentou resolver seus problemas sozinha, confiando apenas em suas próprias forças, métodos e inteligência, terminou multiplicando e alimentando os males que desejava superar", escreveu.
Em setembro, o Vaticano enviou uma carta aos bispos alemães declarando que seus planos para o sínodo "não eram eclesiologicamente válidos".
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Depois de diversas considerações entre a Conferência dos Bispos e as autoridades do Vaticano, a primeira assembleia sinodal ocorreu em Frankfurt no final de janeiro. A segunda reunião está prevista para ocorrer, apesar da crise do coronavírus, em setembro.
Em uma entrevista em 22 de maio com Der Spiegel, o Arcebispo de Munique e Freising, o Cardeal Reinhard Marx, falou sobre seu mandato como presidente da Conferência Episcopal e sobre seu novo livro "Freiheit" (Liberdade), publicado em 25 de maio.
O Purpurado indicou que, apesar de ser retratado como liberal, sentia-se conservador.
"Aos 15 anos, não gostei do fato de que, após o Concílio Vaticano II, algumas cerimônias e imagens antigas tenham sido abolidas", explicou.
"As tradições também são importantes."
Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.
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