O papa Francisco lembrou a igualdade entre homens e mulheres e lamentou o fato de que tenha existido, ao longo da história até os dias de hoje, “uma escravidão da mulher”.

Na sua catequese desta quarta-feira, 8, durante a Audiência Geral na Sala Paulo VI do Vaticano, o papa afirmou que são Paulo, em sua carta aos gálatas, destaca a igualdade de todas as pessoas por meio da redenção de Cristo.

Igualdade entre judeus e pagãos, entre livres e escravos, entre homens e mulheres. E, apesar disso, lamentou Francisco, a igualdade entre o homem e a mulher, proclamada por são Paulo de forma revolucionária, “tem a necessidade de ser reafirmada hoje”.

“Quantas vezes nós ouvimos expressões que desprezam as mulheres. Quantas vezes nós ouvimos: ´não faz nada, isso é coisa de mulher`. Mas olhe aqui: homem e mulher têm a mesma dignidade e há na história, também hoje, uma escravidão das mulheres. As mulheres não têm as mesmas oportunidades que os homens. Temos que ler aquilo que diz Paulo: somos iguais em Cristo Jesus”.

Na sua carta, “Paulo afirma a profunda unidade que existe entre todos os batizados, qualquer que seja a sua condição, pois cada um deles, em Cristo, é uma criatura nova. Cada distinção torna-se secundária no que diz respeito à dignidade de ser filhos de Deus, que pelo seu amor alcança uma igualdade verdadeira e substancial. Todos, através da redenção de Cristo e do batismo que recebemos, somos iguais: filhos e filhas de Deus. Iguais”.

“Paulo ressalta que a fé em Jesus Cristo nos permitiu tornar-nos realmente filhos de Deus e seus herdeiros", explicou o Papa.

Essa filiação de que fala Paulo “já não é a geral, que envolve todos os homens e mulheres como filhos e filhas do único Criador. No trecho que acabamos de ouvir, ele afirma que a fé permite ser filhos de Deus, em Cristo'”.

“É este ´em Cristo`”, disse o papa, “que faz a diferença. Não ´filhos de Deus` como todos, todos os homens somos filhos de Deus, qualquer religião que ele tenha. Mas é ´em Cristo` o que faz a diferença para os cristãos. Isso só ocorre na participação na redenção de Cristo. Em nós, é no sacramento do batismo que isso tem início. Jesus tornou-se nosso irmão, e com a sua morte e ressurreição reconciliou-nos com o Pai. Quem acolhe Cristo na fé, pelo batismo é revestido por Ele e pela dignidade filial”.

Francisco disse que Paulo ensina que, por meio do batismo e da redenção de Cristo, se consagra a igualdade das pessoas, uma igualdade que elimina as diferenças entre livres e escravos. No entanto, advertiu que essa igualdade ainda não é efetiva, porque ainda existem escravos no mundo: “Tantas pessoas no mundo, tantas, milhões, que não têm o direito a comer, não têm direito à educação, não têm direito ao trabalho. São os novos escravos. São aqueles que estão na periferia, que são explorados por todos. Também hoje existe a escravidão. Vamos pensar um pouco nisso. E essa gente, nós negamos. Nós negamos a essas pessoas a dignidade: são escravos”.

Ao contrário, “somos irmãos. Por conseguinte, somos chamados de modo mais positivo a viver uma nova vida que encontra sua expressão fundadora na filiação em relação a Deus. Somos filhos de Deus porque fomos redimidos por Jesus Cristo através do nosso batismo”.

“Tudo o que exacerba as diferenças entre as pessoas, muitas vezes causando discriminação, tudo isto, perante Deus, já não tem qualquer consistência, graças à salvação realizada em Cristo. O que conta é a fé que age seguindo o caminho da unidade indicado pelo Espírito Santo. A nossa responsabilidade é caminhar decididamente nesse caminho da igualdade, que é sustentada, apoiada pela redenção de Jesus”, concluiu o papa Francisco.

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