Durante a oração do Ângelus dominical de hoje, 20 de fevereiro, papa Francisco mencionou os atingidos por deslizamentos de terra e inundações em Petrópolis nessa semana. Mais de 150 pessoas morreram e, ao menos, 191 seguem desaparecidas. “Que o Senhor receba os mortos em sua paz, conforte os familiares e apoie aqueles que ajudam”, disse o papa ao mencionar a tragédia.

Além disso, Francisco afirmou que devemos “dar a outra face para derrotar o ódio e o mal.” “Amar os inimigos e oferecer a outra face parece impossível, mas o amor de Jesus Cristo dá aos cristãos essa força que pode salvar até aqueles que os odeiam”, disse ele

“Dar a outra face não é o recuo do perdedor, mas a ação daqueles que têm maior força interior”, disse o pontífice à multidão reunida na Praça de São Pedro. “Dar a outra face é vencer o mal com bom, que abre uma brecha no coração do inimigo, desmascarando o absurdo de seu ódio. E essa atitude, esse dar a outra face, não é ditado pelo cálculo ou pelo ódio, mas pelo amor.”

“Queridos irmãos e irmãs, é o amor gratuito e imerecido que recebemos de Jesus que gera no coração um modo de agir semelhante ao dele, que rejeita toda vingança”, continuou Francisco. As observações do Papa refletiram sobre a leitura do Evangelho dominical do sexto capítulo do Evangelho de Lucas.

Ali, Jesus Cristo diz aos seus discípulos: “Amem seus inimigos, façam o bem aos que os odeiam, abençoem os que os amaldiçoam, orem pelos que os maltratam. A quem te ferir numa face, oferece também a outra, e a quem te tirar o manto não retenha nem a túnica”.

Porém, papa Francisco reconheceu que isso pode ser difícil.

“Quando ouvimos isso, parece que o Senhor pede o impossível”, afirmou. “Além disso, por que amar os inimigos? Se você não reagir aos agressores, todo abuso recebe luz verde.” Pode estar entre as “situações mais difíceis” quando somos colocados diante de nossos inimigos e daqueles que “sempre tentam nos prejudicar”. Mas aqui, o discípulo de Jesus é chamado a “não ceder ao instinto e ao ódio, mas a ir muito mais longe. Vá além do instinto, vá além do ódio”, disse o papa.

Ele encorajou os fiéis a considerarem o chamado “senso de injustiça” ao oferecer a outra face e a contrastar esse sentimento com o comportamento de Jesus em seu julgamento injusto perante o sumo sacerdote durante sua Paixão, conforme relatado no Evangelho de João.

A certa altura, quando um guarda lhe dá um tapa no rosto, Jesus não insulta o guarda, mas responde: “Se falei mal, mostre-me onde está o mal. Mas se eu falei bem, por que você está me batendo?”

Dar a outra face, explicou o papa, não significa “sofrer em silêncio” ou “ceder à injustiça”.

“Com sua pergunta, Jesus denuncia o que é injusto. Mas ele o faz sem raiva, sem violência, na verdade com bondade. Ele não quer desencadear uma discussão, mas para desarmar o ressentimento, isso é importante: extinguir o ódio e a injustiça juntos, tentando resgatar o irmão culpado”, disse o papa.

“Isso não é fácil, mas Jesus fez isso e nos diz para fazermos também”, pontuou o pontífice. “Isso é dar a outra face: a mansidão de Jesus é uma resposta mais forte do que o golpe que ele recebeu”.

O Papa Francisco advertiu contra guardar rancor em nossos corações que fere e destrói. Ele reconheceu que algumas pessoas questionam se é possível uma pessoa amar seus inimigos.

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“Se dependesse apenas de nós, seria impossível”, disse ele. “Mas lembremos que, quando o Senhor pede algo, ele deseja dar. Quando ele me diz para amar meus inimigos, ele quer me dar a capacidade de fazê-lo.”

“O que devemos pedir a ele? O que Deus está feliz em nos dar?” questionou. “A força para amar, que não é uma coisa, mas sim o Espírito Santo, e com o Espírito de Jesus, podemos responder ao mal com o bem. Podemos amar aqueles que nos fazem mal. Isto é o que os cristãos fazem. Como é triste quando pessoas e populações orgulhosas de serem cristãs veem os outros como inimigos e pensam em fazer guerra uns contra os outros!”

Citando o Dia Nacional do Pessoal de Saúde da Itália, ele lembrou os médicos, enfermeiros, trabalhadores médicos e voluntários que estão próximos dos doentes, tratam-nos e tentam ajudá-los.

“Ninguém se salva sozinho. E na doença precisamos de alguém para nos salvar, para nos ajudar”, afirmou. O papa elogiou ainda a equipe médica “heróica” que mostrou seu heroísmo na pandemia de Covid-19 e acrescentou que seu heroísmo “permanece todos os dias”.

“Para nossos médicos, enfermeiros e voluntários uma salva de palmas e um grande obrigado!”, disse

O Papa Francisco saudou vários peregrinos e grupos, pedindo aos reunidos na praça de São Pedro que lembrem-se de rezar por ele.

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