Vaticano, 1 de abr de 2019 às 13:00
Em entrevista ao jornalista espanhol Jordi Évole, do canal de televisão ‘La Sexta’, o Papa Francisco explicou que seu interessa na lita contra os abusos sexuais por parte do clero não é “ocupar espaço” na imprensa, mas “iniciar processos de cura”.
Além disso, o Santo Padre se manifestou a favor de denunciar diante das autoridades os casos de abusos e recordou que “isso é o que saiu na cúpula”.
Frente aos críticos e desencantados pelas conclusões da cúpula que convocou em fevereiro deste ano para abordar o drama dos abusos sexuais por parte do clero, o Papa disse que “os entendo”, pois “às vezes buscam resultados que sejam fatos concretos, no momento”.
“Por exemplo, se tivesse enforcado 100 padres na Praça de São Pedro, abusadores, diriam: ‘Que bom, há um fato concreto’. Teria ocupado espaço. E meu interesse não é ocupar espaço, mas iniciar processos de cura”, assinalou.
“As coisas concretas na cúpula foram iniciar processos, e isso leva seu tempo”, reiterou.
Entretanto, insistiu que, “de todo modo, compreendo as pessoas que ficaram insatisfeitas, porque, quando no contexto acontece um erro é preciso que você se cale, reze, chore, acompanhe e ponto”.
“Mas, iniciar processos é a maneira para que a cura seja irreversível. Se hoje ocupa um espaço, o tempo passa, a notícia se vai e amanhã a coisa se repete”, assinalou.
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O Papa também destacou que, desde que foram divulgados os escândalos em Boston, nos Estados Unidos, em 2002, a mentalidade de acobertamento que existia na Igreja frente aos abusos sexuais mudou.
A forma de pensa no passado, disse, era “cobrir, tapar, evitar males futuros”, mas “a mesma estatística, por exemplo, essas que tomaram em alguns lugares de 70 anos para cá, percebe-se que da época de Boston em diante diminuem notavelmente, mas notavelmente as coisas na própria Igreja”.
“Isso quer dizer que se tomou uma consciência distinta, um modo de proceder distinto”.
Com os casos de abusos, disse, “ao cobrir, propaga-se”. Mas, “uma vez que entra na cultura do descobrir, as coisas não se propagam”.
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— ACI Digital (@acidigital) 1 de abril de 2019