Em seu discurso às autoridades civis e ao corpo diplomático, no Peru, o Papa Francisco exortou a trabalhar sempre unidos pela esperança para derrotar o “vírus” social da corrupção.

O Pontífice chegou por volta das 16h50 de sexta-feira, 19 de janeiro, ao Palácio do Governo, onde foi recebido pelo presidente Pedro Pablo Kuczynski e sua esposa, Nancy Lange.

Em sua saudação ao Papa, o mandatário recordou que o Peru de hoje é diferente daquele de 30 anos atrás e que, depois da época do terrorismo nas décadas de 1980 e 1990, “foram cicatrizando as feridas do passado, mas é um processo que não é nada fácil e que está em plena marcha”.

Após comentar que busca realizar uma mudança social no país, o presidente disse: “Bem-vindo a esta casa para que nos renove a fé, não por 30 anos, porque não quero esperar 30 anos, mas agora nos dê um impulso para a paz e o diálogo”.

Retomando o que disse em sua visita a Puerto Maldonado, o Santo Padre recordou a necessidade de cuidar da Amazônia, a qual chamou de “pulmão” natural, e incentivou a respeitar os recursos que provê, considerando seu papel essencial no planeta, a cada comum.

Em seu discurso, o Santo Padre explicou que é importante, então, trabalhar unidos para defender a esperança, estando “muito atentos a outra forma – muitas vezes subtil – de degradação ambiental que contamina progressivamente todo o tecido vital: a corrupção”.

“Quanto mal faz, aos nossos povos latino-americanos e às democracias deste abençoado continente, este ‘vírus’ social! É um fenômeno que tudo infeta, sendo os pobres e a mãe-terra os mais prejudicados”.

Em seguida, o Pontífice ressaltou que “o que se puder fazer para lutar contra este flagelo social merece a maior das considerações e cooperações; e esta luta pertence-nos a todos. ‘Unidos para defender a esperança’ implica maior cultura da transparência entre entidades públicas, setor privado e sociedade civil. Ninguém pode ficar alheio a este processo; a corrupção é evitável e exige o compromisso de todos”.

Francisco também exortou as autoridades a que se comprometam “neste sentido para oferecer, ao vosso povo e à vossa terra, a segurança que nasce da convicção de que o Peru é um espaço de esperança e oportunidades... mas para todos e não só para poucos; para que todo o peruano e toda a peruana possam sentir que este país é seu”.

É necessário trabalhar para que todos saibam que no Peru “podem estabelecer relações de fraternidade e equidade com o seu próximo e ajudar o outro quando precisar; uma terra onde possa realizar o seu próprio futuro”.

Citando o escritor peruano José Maria Arguedas e o historiador Jorge Basadre, o Papa disse que, desse modo, será possível “construir um Perú que tenha espaço para ‘todas as estirpes’, onde se possa realizar ‘a promessa da vida peruana’”.

“Quero renovar na vossa presença o compromisso da Igreja Católica, que acompanhou a vida desta Nação, neste esforço conjunto de trabalhar para que o Peru continue a ser uma terra de esperança”.

Finalmente, o Papa fez votos para que “Santa Rosa de Lima interceda por cada um de vós e por esta abençoada nação. De novo, obrigado!”.

Após seu discurso, o Pontífice se reuniu de maneira privada com o presidente Kuczynski e trocaram presentes. Depois do encontro, o Papa se dirigiu para a igreja de São Pedro para se encontrar com os jesuítas.

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