A morte do leão Cecil, do Zimbábue, no sul da África, levou a diversas manifestações e, diante de tal repercussão, o Arcebispo de Salvador (BA) e Primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger, apontou a necessidade de que esse fato leve a refletir também sobre o valor da vida humana, para que “cresçam a sensibilidade e o respeito à vida de pessoas inocentes que morrem diariamente perto de nós”.

Cecil era uma importante atração do Parque Nacional Hwange. Walter Palmer, um dentista norte-americano, pagou 50 mil dólares pelo “privilégio” de matar o leão, que foi atraído para fora da área de proteção ambiental.

Em artigo publicado nesta segunda-feira, 10, intitulado “O leão Cecil e nós”, Dom Murilo cita duas lições levantadas por este fato. A primeira se refere à possibilidade de “ter esperança no ser humano”, uma vez que este ainda “é capaz de comover-se, de indignar-se (mesmo que só virtualmente) e de lamentar uma crueldade irracional (a crueldade é sempre irracional)”.

A segunda lição diz respeito à “força dos meios de comunicação”, podendo ser observado com a repercussão da imagem do leão Cecil, das manifestações “pedindo que o caçador fosse julgado em Zimbábue”, além das diferentes informações que foram se somando a essas sobre “barbáries envolvendo animais”.

Entretanto, Dom Murilo declara que espera “muito mais desse acontecimento”. Nesse sentido, chama atenção para diferentes casos de atentados contra a vida, que acontecem inclusive na África. “Que se manifeste a indignação de todos pela contínua morte de cristãos na Nigéria, tendo como agentes membros do grupo Boko Haram, dominado pela determinação de matar quem segue Jesus Cristo. Espero que se multipliquem protestos contra os sacrifícios humanos que ocorrem em Uganda, envolvendo normalmente crianças – sacrifícios que, segundo uma ONG inglesa, chegaram perto de mil nos últimos anos”, escreve.

O Arcebispo contrapõe, ainda, o caso de Cecil com o de crianças que são abortadas. “Espero que se multipliquem protestos em favor das crianças a quem não é dado o direito de nascer, como se elas fossem propriedade das mães e não seres a quem, em primeiro lugar, deve ser aplicado o artigo III da ‘Declaração Universal dos Direitos Humanos’: ‘Todo ser humano tem direito à vida...’”.

Por fim, o Prelado explicita seu desejo de que o ocorrido com Cecil não seja em vão. “Que inspire medidas de proteção dos outros leões e, particularmente, dos seres humanos”, conclui.