ROMA, 24 de mai de 2013 às 11:27
Os Museus Vaticanos fizeram uma jornada de estudos dedicada à reconstrução da escultura cujo titulo foi: "A Pietá de Michelangelo. Em memória de 21 de maio de 1972; história de uma restauração" que analisou a complexa e delicada tarefa de reparação efetuada entre 1972 e 1973 nos laboratórios dos Museus Vaticanos, sob a responsabilidade do que então era seu diretor, o brasileiro Deoclecio Redig de Campos.
No dia 21 de maio de 1972 a Pietá de Michelangelo exposta na Basílica de São Pedro, foi atacada a marteladas por um turista, que conseguiu escapar dos vigilantes.
O geólogo australiano de origem húngara Laszlo Toth, que tinha graves problemas mentais, lançou-se contra a escultura gritando "sou Jesus Cristo ressuscitado dentre os mortos" e a martelou quinze vezes, destroçando o rosto, quebrando o braço esquerdo e danificando o cotovelo da obra, da que se desprenderam cinquenta fragmentos.
A Pietá é considerada como a obra-prima de Michelangelo –que tinha pouco mais de vinte anos quando a esculpiu– e a única assinada por ele: na cinta que segura o manto da Virgem se lê: "Michel A(N) Gelus Bonarotus Florent (Inus Faciebat)".
A Jornada de estudos realizada pelos Museus Vaticanos revelou, entre outras coisas e graças aos documentos conservados na Fábrica de São Pedro, os diversos lugares do destino da estátua antes de sua colocação em 1779 na primeira capela à direita da nave de São Pedro onde é visível hoje, mas protegida, depois do atentado, por um cristal que a separa dos visitantes.
A única vez que a Pietá saiu do território vaticano foi em 1964, rumo à Exposição Universal de Nova Iorque onde foi admirada por mais de 21 milhões de pessoas. Nessa ocasião o fotógrafo Robert Hupka, imortalizou-a em seu famoso livro titulado "Um ato de amor".
Outro detalhe pouco conhecido são as coroas com que a devoção adornou a cabeça da Virgem ao longo dos séculos, como explicará o arqueólogo Pietro Zander.
A Jornada contou com um ato excepcional: a projeção do documentário, restaurado, a cores, e em formato digital "A violência e a piedade" realizado em exclusiva mundial pelo recém-falecido Brando Giordani, em colaboração com o Departamento de Cultura da RAI, onde narra todo o processo de reconstrução da estátua.
O documentário foi filmado por expressa vontade do papa Paulo VI que comparou a Pietá destroçada com a imagem de uma Igreja em lágrimas agredida pelo mal.
Também outra célebre escultura de Michelangelo: o Davi, que se encontra na Academia de Florência, foi agredida a marteladas por um demente em 1991, que quebrou os dedos do pé esquerdo da estátua.
A restauração, que correu a cargo do Ofício das Pedras Duras de Florência, será ilustrada nesta tarde e servirá de introdução a uma das iniciativas dos Museus Vaticanos: a criação de uma gliptoteca virtual, com modelos tridimensionais e clones das obras mais valiosas de suas coleções para fazer frente a qualquer tipo de emergência.