David Amess, parlamentar católico do Reino Unido assassinado em outubro, foi lembrado como "um verdadeiro construtor de pontes", em missa fúnebre celebrada ontem, 23 de novembro, na catedral de Westminster, em Londres.

David Amess, de 69 anos, foi esfaqueado repetidas vezes numa reunião com eleitores na igreja metodista Belfair en Leigh-on-Sea, leste de Londres, em 15 de outubro. O acusado de matar Amess é Ali Harbi Ali, britânico de origem somaliana de 25 anos. Seu julgamento está marcado para começar em 7 de março de 2022.

Sir David, um defensor de causas pró-vida, serviu como membro conservador do Parlamento de 1983 até sua morte, representando Southend West desde 1997.

Ele estabeleceu um grupo parlamentar de todos os partidos para as relações com a Santa Sé em 2006 e foi fundamental na organização da visita de Bento XVI ao Parlamento em setembro de 2010.

A missa de réquiem de Amess, transmitida ao vivo, foi celebrada pelo arcebispo de Westminster, cardeal Vincent Nichols, também presidente da Conferência dos Bispos Católicos da Inglaterra e País de Gales. Estiveram presentes o primeiro-ministro britânico Boris Johnson, membros do gabinete, os ex-primeiros-ministros John Major, David Cameron e Theresa May e o líder da oposição Keir Starmer.

Ao pregar na missa, o cônego Pat Browne, capelão católico do Parlamento, disse que mesmo depois de sua morte Amess uniu pessoas de lados opostos.

“David foi um verdadeiro construtor de pontes. Ver o primeiro-ministro e o líder da oposição um ao lado do outro em silêncio e oração, apresentando seus respeitos em Southend depois de sua morte, e fazer que se encontrem na câmara em unidade e companheirismo, foi algo que o Parlamento não vê com muita frequência”, disse o padre Browne.

"A morte de David foi o catalisador para que todos no Parlamento percebessem sua unidade como comunidade trabalhando de maneira diferente, mas juntos, para o bem da nação em nosso mundo", acrescentou.

Numa mensagem (em inglês) lida pelo arcebispo Claudio Gugerotti, núncio apostólico na Grã-Bretanha, o papa Francisco ofereceu suas "mais profundas condolências e a garantia de sua proximidade espiritual à família Amess".

“Sua Santidade relembra com gratidão os anos dedicados ao serviço público de sir David guiado por sua forte fé católica e evidenciado em sua profunda preocupação pelos pobres e desfavorecidos, seu compromisso com a defesa do dom da vida de Deus e seus esforços para promover a compreensão e cooperação com a Santa Sé na sua missão universal”, disse a mensagem enviada pelo secretário de Estado da Santa Sé, cardeal Pietro Parolin; a dom Alan Williams, bispo de Brentwood, diocese natal de sir David.

“Confio a alma de sir David à misericórdia amorosa de Jesus Cristo nosso Salvador, o Santo Padre reza para que todos os que honram sua memória sejam confirmados na determinação de rejeitar os caminhos da violência, combater o mal com o bem e ajudar a construir uma sociedade de justiça, fraternidade e solidariedade cada vez maiores”, continua a mensagem.

O cardeal Nichols disse que o papa ofereceu "palavras de profundas condolências, apoio e orações pela família de sir David".

Em sua homilia, o cônego Pat Browne descreveu o impacto da morte de sir David.

“Desde a minha nomeação para o parlamento, há 12 anos, o escritório de David foi um local onde sempre me acolhiam para tomar uma xícara de chá e conversar. Portanto, retrocedemos muito”, disse o padre Browne, que celebrou o casamento de sir David na catedral de Westminster em 1983 e depois batizou seus cinco filhos.

“Infelizmente, minha última visita ao seu escritório foi naquela tarde horrível de sexta-feira. Eu tinha acabado de terminar um casamento na capela de St. Mary Undercroft no parlamento e ouvi a trágica notícia. Eu imediatamente fui ver sua equipe. Estavam arrasados".

“Houve muitas lágrimas e isso comoveu muito: essas pessoas não eram apenas sua equipe, eram seus amigos. Eles o amavam. Eles eram sua equipe, seus colaboradores no trabalho para o eleitorado de Southend West”, disse ele.

“A amizade foi o grande presente de David para os outros. Não apenas para aqueles que trabalharam junto dele e estiveram de acordo com ele, mas a todos na Câmara dos Comuns, inclusive aqueles que não compartilhavam de suas visões políticas ou religiosas", acrescentou.

O padre Browne lembrou que seu "charme, inteligência e cordialidade genuínos quebraram muitas barreiras enquanto buscava nos demais as coisas nas quais poderiam entrar em acordo e trabalhar juntos”.

Ele continuou: “Para ele, a vida era um presente que tinha que aceitar, apreciar, nutrir e viver com gratidão. Ele tomou sua vida em suas mãos e se entregou a ela. Na verdade, ele morreu fazendo isso, a serviço dos demais. Como nos diz o Evangelho de hoje: 'Um homem não pode ter maior amor do que dar a sua vida pelos seus amigos'… os seus eleitores, a sua pátria. David fez isso”.

“Sua fé católica inspirou seu compromisso apaixonado pelo direito à vida, à dignidade humana e ao bem comum. Mas também se baseou em sua convicção absoluta de que a primeira prioridade de um deputado são seus eleitores”, afirmou.

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