RIO DE JANEIRO, 9 de dez de 2021 às 16:15
A produtora Porta dos Fundos lançou no dia 6 de dezembro o teaser e o cartaz de seu especial de Natal deste ano, intitulado “Te Prego La Fora”. O video volta a ofender e desrespeitar o cristianismo, fé da imensa maioria da população brasileira, como na produção de 2019 “A Primeira Tentação de Cristo”.
O video, um desenho animado dublado pelos comediantes do grupo, mostra Jesus como um adolescente que consome pornografia e encontra seu pai em um prostíbulo. O advogado Miguel Vidigal, da União dos Juristas Católicos de São Paulo (Ujucasp) afirmou à ACI Digital que “o respeito à dignidade da religião” é garantido pela Constituição e não pode ser violado por manifestações artísticas.
O especial tem lançamento marcado para 15 de dezembro, no serviço de streaming Paramount+, que detém 51% da produtora.
Na história, Jesus é um adolescente que precisa se adaptar como aluno novo na Escola Municipal Eva & Adão. Para que não suspeitem que ele é o Messias, adota uma postura de “bad boy”. Em uma das cenas do teaser, alguém pergunta: “Por acaso Jesus teria isso aqui, pornografia?” e mostra um pergaminho com os pés de uma mulher. Em outra cena, Jesus aparece em um prostíbulo e diz “isso não é de Deus”. Outra pessoa aponta para uma prostituta e responde: “Na verdade, aquela mais alta ali é exclusiva de Deus”. Em seguida, aparece em uma cama com outras mulheres um homem mais velho, de barba branca, que remete ao imaginário sobre a aparência de Deus. Ele diz: “Jesus?”, e as mulheres se transformam em pombas brancas.
Segundo o advogado Miguel Vidigal, “o respeito à dignidade da religião é dever de todos e um dos direitos fundamentais, previsto na nossa Constituição Federal no artigo 5º, inciso VI, que garante proteção à religião e à liturgia. Nenhuma manifestação pretensamente artística pode sobrepor-se à inviolabilidade de consciência e crença”. Recordou ainda que o artigo 208 do Código Penal estabelece o crime de “escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa".
“Em um mundo cheio de divisões e brigas, o que essa produção pretende? Produzir união, difundir o amor, ou por outra, procura alegrar meia dúzia de ateus e agnósticos, zombando da crença alheia e blasfemando contra Deus?”, questionou o advogado, acrescentando que “obviamente os produtores sabem que estão espalhando ódio e confusão”.
O Instituto Plínio Corrêa de Oliveira lançou um abaixo-assinado contra o especial de Natal do Porta dos Fundos que “escarneia da fé cristã no Brasil”. Na petição, solicita “uma legislação mais efetiva para proteger o cristianismo em nosso país”.
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Esta não é a primeira vez que o Porta dos Fundos produz conteúdo com ofensas ao cristianismo. O especial de Natal de 2019, “A Primeira Tentação de Cristo”, lançado pela Netflix, mostrou Jesus como homossexual, a Virgem Maria como prostituta e os apóstolos como alcoólatras.
A Associação Centro Dom Bosco de Fé e Cultura (CDB) ajuizou Ação Civil Pública contra o Porta dos Fundos e a plataforma de streaming Netflix. Em janeiro de 2020, o desembargador Benedicto Abicair, da 6ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio (TRJ), atendeu a pedido liminar para suspender a exibição do filme, bem como trailers, making of, propaganda e qualquer publicidade da obra. No dia seguinte, o então presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, concedeu uma liminar autorizando a Netflix a exibir o filme. Essa decisão foi referendada pela Segunda Turma do Supremo, em novembro do ano passado.
Em abril deste ano, a Juíza Adriana Sucena Monteiro Jara Moura, da 16ª Vara Cível do TRJ, julgou improcedentes os pedidos do Centro Dom Bosco. Na decisão, a juíza afirmou que “não ocorreu no caso em julgamento qualquer intolerância religiosa, sendo que esta não pode ser confundida com a crítica religiosa, realizada por meio de sátira, a elementos caros ao Cristianismo”.
Confira também:
Justiça decide que filme do Porta dos Fundos sobre Jesus gay não ataca o Cristianismo https://t.co/UbfqSBmSpn
— ACI Digital (@acidigital) April 28, 2021