MEDELLIN, 17 de ago de 2020 às 10:50
O Centro de Psicologia Católica Areté e a Red de Psicólogos Católicos (RedPsic) alertam que há um aumento da pornografia online durante a pandemia do coronavírus e convidam a um seminário que abordará esta e outras questões psicológicas, afetivas e emocionais semelhantes.
Em uma entrevista recente do Centro Areté e RedPsic, o médico em Saúde Pública da Universidade de Massachusetts e doutor em Medicina pela Universidade de Navarra, Jokin de Irala Estévez, destacou que durante o confinamento da COVID-19 monitorou “o consumo mundial de pornografia e verificou-se que efetivamente houve um aumento do consumo”.
O especialista disse que durante a quarentena, "a indústria pornográfica dedicou-se à publicidade" para "dar à cidadania sofredora", como "recompensa ou compensação pelo seu confinamento", minutos grátis e promoções para consumir pornografia nos vários portais de internet.
O também professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Navarra e autor de vários livros como “Amo-te, por isso não quero. O valor da Espera”, comparou esta estratégia com a da indústria do tabaco que durante a Segunda Guerra Mundial “dava aos ‘pobres soldados’ da linha de frente” milhões de cigarros.
Nesse sentido, De Irala afirmou que tanto a indústria do tabaco como a pornografia sabem que essa estratégia “era e é a maneira para acabar tendo clientes fiéis que consumiriam e consumirão seus produtos comerciais”.
O Centro Areté assinalou que diversos especialistas afirmam que o uso da pornografia se tornou uma “verdadeira epidemia”. Para o Dr. De Irala, é uma "epidemia silenciosa" que é impulsionada pelo "motor dos quatro 'A'"
“A pornografia é: ‘Acessível’, é muito fácil obtê-la em um celular; é ‘Alcançável’ devido ao seu baixo custo, inclusive por sua gratuidade; é ‘Anônima’, pode ser que ninguém saiba que uma pessoa consome pornografia regularmente; e finalmente é 'Aceitável', porque não parece que haja, no momento, uma crítica social clara e contundente contra a indústria pornográfica”, afirmou.
Lamentavelmente, o fator que aumenta e favorece o "caráter silencioso" da pornografia é que poucos parecem "querer relatar ou falar sobre esse problema", acrescentou.
Além disso, para o especialista, a população em geral não sabe que a pornografia é muito consumida na internet, inclusive mais do que outras plataformas famosas, e que a maioria dos consumidores é exposta desde crianças e adolescentes, e que isso tem efeitos nocivos para o seu desenvolvimento.
"Sites de pornografia recebem mais tráfego do que a soma combinada de Netflix, Amazon e Twitter", disse. “A cada segundo, cerca de 30 mil pessoas estão vendo pornografia e a maioria dos jovens é exposta pela primeira vez antes de completar 18 anos”, acrescentou.
Um fato que prova que essa realidade é desconhecida é que “muitos pais dão o celular para seus filhos em idades inadequadas, e sem qualquer proteção ou mecanismo de filtragem de conteúdo”, disse.
Para o especialista, os pais não percebem que expõem "seus filhos ao risco do abuso afetivo", que é quando um menor recebe imagens inadequadas no celular "sem procurar e sem querer". Além disso, alertou que isso pode iniciar "um uso viciante de pornografia" e "um processo de 'pornificação' de sua capacidade de amar".
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Sobre o vício, destacou que muitas pessoas passam a ver pornografia "para recreação" e para "regular suas emoções" de angústia ou tristeza, mas "não percebem que a cada dia se acostumam com isso, e que o cérebro aos poucos, vai lhes pedindo mais dopamina”.
O Dr. De Irala explicou que a pornografia tem consequências em três "áreas afetadas: a neurológica, a afetiva e a do mundo que rodeia o consumidor".
Sobre a neurológica, destacou que o consumo de pornografia tem efeito viciante, já que atua no sistema nervoso central liberando dopamina da mesma forma como as substâncias tóxicas como a maconha.
Sobre a afetividade, afirmou que “pornifica” o coração do consumidor, pois “o leva a ter ideias distorcidas sobre a sexualidade”, seus desejos sexuais e “o que pode ou não ser considerado aceitável na relação sexual”. Além disso, alertou que, se consumido com frequência, a pessoa pode preferir pornografia a "ter uma relação sexual com uma pessoa real".
Por fim, disse que quem consome pornografia regularmente “se isola e sua tendência à violência pode aumentar” e, portanto, seu ambiente pode ser afetado. "A pornografia é apontada como a principal causa" de rupturas conjugais e o "desempenho intelectual e profissional" do consumidor pode "piorar", acrescentou.
Para saber mais detalhes sobre a pornografia e "outras relevantes psicológicas, afetivas e emocional ", o Centro Areté e a RedPsic convidam para o "Seminário Online de Psicologia e Pessoa Humana", que tem como tema central "Ferramentas psicoterapêuticas numa visão integral do ser humano" e é dirigido a psicólogos, estudantes e público em geral.
O evento acontecerá nos dias 28 e 29 de agosto através do Zoom e contará com a participação de renomados palestrantes da Espanha, Equador, Peru, Colômbia, Chile e El Salvador. O custo por pessoa é de 30 dólares. Os interessados em se cadastrar ou obter mais informações, podem clicar AQUI.
Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.
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— ACI Digital (@acidigital) May 19, 2018