Durante a realização do Sínodo da Amazônia, em Roma, a Igreja de Santa Maria em Traspontina é a sede da iniciativa “Amazônia: Casa Comum”, na qual se realiza um evento diário de caráter sincrético chamado “Momentos de espiritualidade amazônica”, no qual se misturam tradições indígenas da Amazônia com referências cristãs.

Entre as organizações envolvidas nesta iniciativa e em outros eventos em Roma, por ocasião do Sínodo, estão a Rede Eclesial Pan-amazônica (REPAM), duas agências de ajuda dos bispos da Alemanha e uma confederação de grupos sociais com sede em Bruxelas (Bélgica).

A iniciativa ‘Amazônia Casa Comum’ “é um esforço para tentar reunir as diferentes instituições da região amazônica, membros da Igreja ou a ela vinculados, que vieram a Roma para ter um espaço comum e um calendário comum. Mas cada instituição é responsável por seus eventos”, explicou Mauricio López Oropeza, secretário-geral da REPAM, em declarações à CNA, agência em inglês do Grupo ACI.

A REPAM, presidida pelo Cardeal brasileiro Claudio Hummes, é um dos 14 grupos do comitê organizador da iniciativa ‘Amazônia Casa Comum’, ressaltou López.

“Cada caso é diferente e eles estão compartilhando essa diversidade e espiritualidade de seu próprio contexto. Isso é o que eu sei. Existem cerca de 390 comunidades indígenas na região amazônica e a espiritualidade faz parte de toda cultura”, explicou.

A REPAM se descreve como uma organização que defende os direitos e a dignidade dos povos indígenas na Amazônia.

O Bispo emérito de Marajó, na Amazônia brasileira, Dom José Luis Azcona, disse em agosto deste ano que o trabalho do REPAM se baseia em um "pensamento único" que "ameaça" o caminho da sinodalidade e a unidade eclesial do Brasil.

Essas críticas foram negadas pelo presidente da REPAM, o bispo brasileiro de 85 anos, Cardeal Claudio Hummes, e outro importante colaborador da organização, o bispo austro-brasileiro, Dom Erwin Kräutler, que, há anos, defendem a ordenação de homens casados e o sacerdócio feminino.

O Cardeal Hummes é o Relator Geral do Sínodo da Amazônia.

Também está envolvida na iniciativa ‘Amazônia Casa Comum’ a Adveniat, instituição de ajuda dos bispos da Alemanha para a América Latina.

Adveniat descreve sua colaboração com a REPAM como um trabalho conjunto. Em 2016, a organização alemã colaborou com 3,2 milhões de euros, cerca de 3,5 milhões de dólares.

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Adveniat e REPAM também trabalharam juntos para influenciar o governo alemão em temas relacionados à Amazônia.

Outra organização de ajuda humanitária dos bispos alemães, Misereor, também faz parte do "comitê coordenador" da Casa Comum, da mesma forma que a Cáritas International. Ambos os grupos trabalham juntos, de acordo com o estabelecido em um "contrato de cooperação" para o período de 2018-2020, aprovado pelo Episcopado da Alemanha.

Em 2018, a Misereor entregou 52,64 milhões de euros, cerca de 58 milhões de dólares, para financiar 337 projetos na América Latina e no Caribe, de acordo com seu relatório anual. A agência também patrocina projetos na África e na Ásia.

Misereor é descrito como um dos anfitriões de muitos dos eventos de outubro em Roma, junto com REPAM e CIDSE, uma rede de organizações de justiça social na Europa e América do Norte, com sede em Bruxelas.

O Movimento Global Católico para o Clima é outra organização vinculada à iniciativa da Casa Comum. Esta organização, a Ordem dos Franciscanos Menores (OFM) e a REPAM foram os grupos que organizaram a cerimônia indígena realizada nos Jardins do Vaticano, em 5 de outubro, que alguns compararam com a “retribuição à terra”.

O pagamento ou retribuição a terra é uma cerimônia indígena que ocorre em alguns países da América Latina, na qual se agradece a “mãe terra” por seus frutos ou se faz algum pedido. Em geral, não contêm elementos de fé cristã. 

Outros eventos do calendário da Casa Comum têm como responsável o grupo italiano FOCSIV, uma organização internacional de voluntários; e a União Internacional dos Superiores Gerais (UISG), bem como a rede Talitha Kum, composta por religiosos que lutam contra o tráfico de pessoas.

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