Os resultados da visita apostólica ordenada pelo papa Francisco para investigar os abusos na arquidiocese de Colônia já estão no Vaticano, segundo a mídia da Alemanha. A visita apostólica foi feita pelo bispo de Estocolmo, Suécia, cardeal Anders Arborelius, e por dom Johannes van den Hende, bispo de Rotterdam e presidente da Conferência Episcopal Holandesa.

A CNA Deutsch, agência alemã do Grupo ACI, informou que o cardeal e o bispo falaram com vítimas de abuso sexual, sacerdotes, funcionários leigos e bispos.

A arquidiocese de Colônia informou que, na primeira metade de junho, os visitadores apostólicos avaliaram os “possíveis erros” do arcebispo local, cardeal Rainer Maria Woelki.

Também informou que os visitadores revisaram os possíveis erros cometidos pelo arcebispo de Hamburgo, dom Stefan Hesse, que foi vigário geral da arquidiocese de Colônia entre 2012 e 2015, e pelos bispos auxiliares de Colônia, dom Dominikus Schwaderlapp e dom Ansgar Puff.

Em maio, o cardeal Woelki disse que “já em fevereiro, em Roma, informei extensamente ao Santo Padre sobre a situação em nossa arquidiocese”. “Agradeço o fato de que, com a visita apostólica, o papa queira ter seu próprio olhar desde uma investigação independente e suas consequências”, disse o arcebispo. “Apoiarei o cardeal Arborelius e o bispo van den Hende no seu trabalho com plena convicção. Agradeço qualquer medida que ajude a confirmar a responsabilidade”.

O cardeal, que assumiu a arquidiocese de Colônia em 2014, tem enfrentado diversos pedidos de renúncia desde que a arquidiocese se negou a publicar um relatório feito pelo escritório de advocacia Westphal Spilker Wastl, de Munique, contratado pela própria arquidiocese. Em janeiro de 2019, a arquidiocese encarregou a Westpfahl Spilker Wastl de investigar arquivos pessoais relevantes desde 1975 para a frente, para determinar “que deficiências pessoais, sistemáticas ou estruturais foram responsáveis, no passado, por incidentes de abuso sexual encobertos ou não sancionados consistentemente”. Advogados da arquidiocese apontaram “deficiências metodológicas” no estudo do escritório de advogados, o cardeal Woelki pediu que o especialista e professor jurídico Björn Gercke elaborasse um novo relatório. O relatório Gercke foi publicado em março. Em 800 páginas, abrange o período entre 1975 e 2018 e examina detalhadamente 236 arquivos, com o objetivo de identificar falhas e violações da lei e seus responsáveis.

Em resposta ao relatório, o cardeal disse que retiraria temporariamente dois oficiais de suas funções: o bispo Schwaderlapp e o funcionário arquidiocesano Günter Assenmacher.

O cardeal Woelki disse à CNA Deutsch que entende a insatisfação causada pela resposta da arquidiocese aos casos de abusos e à decisão de não publicar o primeiro relatório.

“Lamento de coração pela complicada via que tivemos que seguir, assumindo os abusos sexuais ocorridos na arquidiocese de Colônia, tenha causado ainda mais dor às pessoas afetada”, disse o cardeal.

“Infelizmente, não tínhamos outra alternativa senão a de delegar uma segunda peritagem, uma vez que precisávamos de uma base metodologicamente impecável e viável para identificar com clareza as responsabilidades organizacionais em nossa Igreja e poder assim evitar que se cometam os mesmos erros no futuro”, concluiu.

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