SCHOENSTATT, 2 de jul de 2020 às 15:30
A investigação de uma historiadora católica alemã que será publicada nesta quinta-feira, 2 de julho, pelo vaticanista Sandro Magister em seu blog Settimo Cielo, revelaria que o Pe. José Kentenich, fundador do Movimento Apostólico de Schoenstatt, teria abusado de mulheres consagradas das Irmãs de Maria de Schoenstatt. No entanto, para a instituição religiosa, são casos que "foram esclarecidos no processo de beatificação iniciado em 1975".
Desde 1975, segundo seu site oficial, o processo de beatificação do sacerdote fundador da importante família espiritual já está "na fase final da etapa diocesana (na Diocese de Trier, Alemanha)".
Nascido em 1885, em Gymnich (Alemanha), o Pe. Kentenich ingressou na Sociedade do Apostolado Católico (Padres Palotinos) em 1904 e foi ordenado sacerdote seis anos depois.
Em 18 de outubro de 1914, Pe. Kentenich fundou seu movimento em uma capela em Schoenstatt, Alemanha. Segundo o site oficial do processo de beatificação, naquela ocasião o sacerdote, juntamente com um grupo de seus alunos, "selam uma Aliança com Maria, a ‘Aliança de Amor’".
Nessa aliança, continua: “se pede à Santíssima Virgem que Se estabeleça nessa capelinha e atue como Educadora do Homem livre”.
Em 1º de outubro de 1926, Pe. Kentenich fundou o Instituto Secular das Irmãs de Maria de Schoenstatt, uma comunidade de mulheres que "vivem uma vida consagrada a Deus no meio do mundo".
Num texto ao qual a ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, teve acesso, Magister explica que a pessoa que descobriu as denúncias de abuso foi Alexandra von Teuffenbach, ex-professora de teologia e história da Igreja na Pontifícia Universidade Lateranense e no Ateneu Regina Apostolorum.
Von Teuffenbach é também curadora da publicação de vários volumes dos diários do Concílio Vaticano II e do teólogo jesuíta Sebastiaan Tromp.
Pe. Tromp, explica Sandro Magister, foi "o visitador apostólico enviado em 1951 pela Santa Sé à Alemanha, à cidade de Schoenstatt para determinar o que se temia que acontecesse no movimento nascente".
Após as investigações de Pe. Tromp, continua o vaticanista, houve um "efeito imediato", uma vez que o Vaticano "ordenou que o Pe. Kentenich se separasse da obra que fundou e, sobretudo, de suas religiosas".
Na biografia oficial publicada no site da causa de beatificação do fundador do Movimento Apostólico de Schoenstatt, esse período é descrito como "exílio", e explica-se que " de 1951 a 1965, a Igreja separa o Pe. Kentenich da sua Obra. Milwaukee, nos E.U.A., torna-se o lugar de residência fixa".
"Nos longos anos de ausência de Schoenstatt, ficou comprovada a autenticidade do amor do Pe. Kentenich à Igreja e a fidelidade à sua Obra", acrescenta o site.
Receba as principais de ACI Digital por WhatsApp e Telegram
Está cada vez mais difícil ver notícias católicas nas redes sociais. Inscreva-se hoje mesmo em nossos canais gratuitos:
Em outubro de 1965, o Vaticano retirou a sanção do Pe. Kentenich e permitiu que ele voltasse para a Alemanha, onde morreu três anos depois.
Magister explica que no decreto que separava o sacerdote alemão de sua fundação "não foram ditas todas as razões".
"No entanto, Alexandra von Teuffenbach o encontrou amplamente documentado nos relatórios elaborados por Tromp durante sua inspeção, guardados nos arquivos da Congregação para a Doutrina da Fé", ressalta.
Magister acrescenta que a investigação de von Teuffenbach se nutriu dos documentos "abertos recentemente à consulta de estudiosos, juntamente com todos os documentos do pontificado de Pio XII".
Pe. Juan Pablo Catoggio, Presidente da Presidência Geral de Schoenstatt, publicou uma declaração, em 1º de julho, afirmando que "sabe-se que durante a visitação eclesiástica à Obra de Schoenstatt nos anos 50, algumas pessoas fizeram acusações contra o Fundador de Schoenstatt às autoridades do Vaticano, as quais levaram ao exílio de 14 anos do Fundador Essas questões também foram retomadas e esclarecidas no processo de beatificação aberto em 1975. Então, todos os documentos e testemunhos de alguma maneira pertinentes foram colocados à disposição das autoridades eclesiásticas competentes”.
"Se as dúvidas sobre a integridade moral do fundador de Schoenstatt continuassem existindo, o exílio não teria terminado e o Vaticano não poderia ter emitido um nihil obstat para abrir o processo de beatificação", acrescentou.
A íntegra do relatório de Von Teuffenbach será publicada simultaneamente em alemão no jornal Die Tagespost e em vários idiomas, incluindo o espanhol, no blog de Sandro Magister.
Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.
Confira também:
Papa reza por católicos da Polônia que pedem intervenção do Vaticano frente aos casos de abusos https://t.co/gjfIIa4NYZ
— ACI Digital (@acidigital) July 2, 2020