Um artigo publicado pelo jornal britânico The Guardian que pretende mostrar que um bebê no ventre materno "não é visível" até depois de dez semanas de gravidez é "intencionalmente enganoso", diz uma ginecologista-obstetra certificada.

As fotos que acompanham o artigo, disse a especialista, foram manipuladas, porque o embrião seria claramente visível nessa fase de seu desenvolvimento.

Imagens enganosas dizem que “não há embrião visível”

O artigo, intitulado "Como é realmente uma gravidez antes de dez semanas – em fotos", escrito por Poppy Noor, inclui uma série de fotos fornecidas pela My Abortion Network (MYA Network) supostamente mostrando "como realmente é o tecido nas primeiras nove semanas de gravidez”.

A MYA Network, dirigida pela médica Joan Fleischman, diz em seu site que é uma "rede de médicos que estão expandindo as opções de aborto em ambientes de atenção primária".

O grupo oferece consultas para abortos precoces, principalmente com pílulas abortivas que as mulheres podem tomar em casa.

O artigo do The Guardian afirma que “as pacientes podem vir a abortar com medo [de ter] visto imagens on-line”, referindo-se às muitas imagens que mostram a humanidade de um feto, mesmo nos estágios iniciais da gravidez.

Fleischman disse que essas imagens fazem com que muitas pessoas "[esperem] ver um pequeno feto com as mãos, um bebê desenvolvido em miniatura".

As fotos incluídas no artigo, no entanto, não parecem incluir o embrião. Em vez disso, apresentam pedaços brancos do saco gestacional e tecido decidual circundante.

Fleischman disse que as pacientes ficam "atordoadas" quando veem imagens de como "realmente é" um aborto.

“Isso é tudo o que se eliminaria durante um aborto e inclui o embrião nascente, que não é facilmente visível a olho nu. Mostrar esse tecido pode ser um alívio para as pacientes”, disse o artigo.

Fotos “manipuladas”

A médica Christina Francis, diretora executiva da Associação Americana de Obstetras e Ginecologistas Pró-Vida (AAPLOG), classificou como enganosas as afirmações de Fleischman.

"O 'tecido da gravidez' fotografado pela My Abortion Network neste artigo foi claramente manipulado de forma significativa a ponto de ser intencionalmente enganoso", disse Francis à CNA, agência em inglês do Grupo ACI.

"Essas imagens, combinadas com o comentário do artigo, afirmam erroneamente que uma gravidez de seis a dez semanas é apenas um aglomerado de células, nada mais, ou que é muito pequeno para ser visto sem um microscópio", disse.

"O site desta organização afirma que eles removeram partes do tecido e lavaram o sangue para mostrar 'apenas o saco gestacional'. Isso significa que eles removeram o embrião do tecido da gravidez ou que o embrião foi tão destruído pelo processo de aborto que é indistinguível do resto do tecido fotografado”, afirmou.

Francis disse que um feto nessa fase seria claramente visível.

“Na verdade, entre seis e dez semanas de gestação, o embrião cresce até se tornar um feto, do tamanho de um feijão cozido até o tamanho de uma ameixa. Em muitos casos, são, de fato, visíveis a olho nu. Muitas mulheres que sofreram aborto espontâneo ou aborto médico podem atestar isso”, declarou.

“Este artigo é um insulto a essas mulheres e a informação errada que contém prejudica todas as mulheres. Tem a intenção de desumanizar seres humanos não nascidos, mas qualquer pessoa que tenha participado de uma aula de desenvolvimento humano básico ou visitado um site de gravidez deveria poder vê-lo”, disse.

Noah Brandt, vice-presidente de comunicações da Live Action, disse à CNA que "The Guardian enganou e estrategicamente escolheu apresentar uma imagem do saco gestacional ao redor do bebê por nascer, enquanto se recusa enganosamente a mostrar a humanidade da criança".

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"Mentir para as mulheres aao eliminar completamente o coração pulsante, os órgãos em desenvolvendo e os dedinhos dos pés da pessoa no útero põe em dúvida a integridade do The Guardian", acrescentou.

A MYA Network também afirma que os nascituros não têm batimentos cardíacos.

MYA Network não respondeu à solicitação de declarações de CNA.

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