MISSOURI, 20 de dez de 2018 às 18:00
Um mês após o assassinato de Jamie Schmidt na loja Catholic Supply, localizada no condado de St. Louis, Missouri (Estados Unidos), religiosos e fiéis da sua paróquia não deixam de reconhecer a sua vida de fé exemplar e várias pessoas já a consideram como uma nova mártir da Igreja.
Em 19 de novembro, Thomas Bruce, de 53 anos, entrou na loja católica, pegou uma arma, apontou contra três mulheres que estavam dentro do estabelecimento e ordenou que entrassem em uma sala para agredi-las sexualmente.
Segundo os relatórios, depois de ver as duas primeiras mulheres obedecer, Jamie olhou para o rosto do homem que estava apontando a arma e gritou: "Em nome de Deus, eu não vou tirar a minha roupa". Diante da negativa, o assassino atirou na cabeça dela e, mais tarde, ela morreu em um hospital.
Jamie entrou na loja para comprar alguns materiais para terminar de confeccionar terços para serem entregues em um retiro de sua paróquia.
Bruce está na prisão do condado e enfrenta 17 delitos graves, entre os quais, assassinato, sequestro e sodomia.
Jamie nasceu em 10 de março de 1965, em Chicago. Tinha 53 anos. Era casada com Gregg Schmidt, com quem teve três filhos: Stephanie, Atlas e Jennifer.
No dia a dia, dedicava-se a cuidar dos seus filhos em casa e participava ativamente da paróquia de Santo Antônio de Pádua, em High Ridge, onde fazia parte do coro. Além disso, era membro do Coro Arquidiocesano de St. Louis, cantou para o Papa São João Paulo II em 1998, em sua cidade e, alguns anos depois, em Roma.
Recentemente, tinha começado a trabalhar como assistente na secretária de St. Louis Community College.
No dia do seu funeral, em 27 de novembro, o diácono Jim G'Sell, seu amigo há sete anos na paróquia de Santo Antônio de Pádua, disse que, apesar de ter certeza de que Jamie estava "absolutamente apavorada" naquele momento trágico, "não se rendeu ao mal".
"Ela não recuou. Rechaçou com coragem o maligno, denunciando firmemente em nome de Deus. Ao fazer isso, Jamie salvou outra mulher de mais danos e lesões, e finalmente entregou a sua própria vida, como nosso Salvador, Jesus Cristo".
"Como mártir da fé, Jamie se jogou no abraço da espera de nosso Senhor. Já não está aos pés da cruz ou pregada nela. Jamie está com Jesus agora", expressou.
Em uma entrevista a ACI Group, o diácono Jim descreveu Jamie como uma "mulher simples, modesta, reservada, tranquila e boa, com belos talentos para o canto e a pintura".
Do mesmo modo, considera que foi "profundamente amada por muitas pessoas em sua paróquia".
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Jamie "compartilhou amavelmente o seu talento com a nossa paróquia durante muitos anos, serviu como solista no coro e pintou os murais do Evangelho na parte de trás da igreja. Também participou ativamente de nossos retiros, servindo em equipes e apoiando o ministério de música para retiros femininos", disse o diácono.
Pe. John Reiker, pároco de Santo Antônio de Pádua, confirmou as palavras do diácono e descreveu Jamie como uma mulher "encantadora, alegre e com muita fé".
Na segunda-feira, 19 de novembro, a sua família publicou uma mensagem divulgada pela mídia local. Nesta nota, sublinham que Jamie "compartilhou seus dons livremente para melhorar a vida dos outros", levando "alegria e esperança à família e à igreja".
"Jamie viveu a sua fé e permaneceu firme em suas convicções, inclusive quando enfrentava uma arma nas mãos de uma pessoa que estava errada. No final, a família deve, cada um da sua maneira, tentar perdoar, a fim de que nossas vidas e nossas famílias não se consumam no ódio, na raiva e no desespero. Estamos privados de compartilhar a sua viagem terrena, mas nos consola saber que a sua vida tem um propósito maior", diz o texto.
O diácono Jim G'Sell, no final da sua homilia no dia do funeral, disse que "Jamie está no Paraíso".
"Acreditem nesta verdade. Jamie está com Jesus agora (...). Jamie, santa mártir da nossa fé, rogai por nós", concluiu.
Além disso, em um e-mail enviado a Pe. Reiker, o diácono explicou que, embora pessoalmente acredite que Jamie Schmidt é uma mártir pela fé, sustenta "firmemente" que não deveriam procurar esta designação "oficial" por diferentes razões.
Em primeiro lugar, por “possíveis implicações negativas nas mulheres sobreviventes” e também pela possível objeção de "pelo menos um membro da família (não vale a pena ferir um ente querido mais do que já está sofrendo)", indicou Jim G'Shell.
"Independentemente de qualquer formalidade, acredito que Jamie Schmidt está no céu com Jesus. Se a Igreja, em sua sabedoria, decidir investigar daqui a alguns anos, décadas ou inclusive séculos, a partir de agora poderá fazer isso. Deus sabe o que Jamie fez", concluiu.
Confira também:
Desconhecido dispara contra mulher em loja católica nos Estados Unidos https://t.co/yb7DXyJoNf
— ACI Digital (@acidigital) 21 de novembro de 2018