A arquidiocese de Manágua expressou sua preocupação com a violação de direitos de “se expressar, mobilizar e agir livremente” na Nicarágua. Em mensagem dirigida “ao povo santo de Deus e ao povo de boa vontade”, a Comissão de Justiça e Paz da arquidiocese de Manágua lamentou “a agressividade com que se está atuando contra o exercício das liberdades públicas pelos cidadãos”.

A mensagem foi divulgada no dia 8 de junho, dia em que o regime do presidente Daniel Ortega pendeu Juan Sebastián Chamorro, sobrinho da ex-presidente da Nicarágua, Violeta Barrios, e candidato à presidência do país. A polícia realizou uma operação de busca e apreensão na sua casa.

Chamorro é candidato da oposição pelo partido Alianza Ciudadanos por la Libertad, ao lado de Cristiana Chamorro, filha de Barrios, e Félix Maradiaga, que também foi preso na terça-feira, e Arturo Cruz, que também foi preso depois de uma viagem aos Estados Unidos.

Os quatro oponentes do governo foram detidos nos últimos 10 dias. O governo dos Estados Unidos se manifestou dizendo que Ortega é um “ditador” que busca a reeleição em novembro deste ano.

Na segunda-feira, 7 de junho, o jornal The New York Times publicou um artigo sobre a repressão na Nicarágua: “Ortega deixa o país a um passo de se tornar um Estado de partido único”, poucos meses antes das eleições presidenciais, e que vem “tomando medidas drásticas contra a oposição em um grau que não se via desde a brutal repressão aos protestos contra o governo, em 2018”.

Em sua mensagem, a Comissão de Justiça e Paz da arquidiocese de Manágua afirmou que “como cristãos e cidadãos, temos o direito e a obrigação de zelar pelo bem do país. Entre esses deveres e direitos estão os de ter um título eleitoral e o de eleger ou ser eleito para cargos públicos de forma livre e justa. Por isso, animamos a todos a buscar os canais através dos quais a voz dos cidadãos seja ouvida”.

“A violação aberta desses direitos não deixa de ser preocupante. Violar os direitos de um nicaraguense é violar os direitos de todos”, dizia o texto.

“Ninguém tem autoridade para privar arbitrariamente de seus direitos qualquer pessoa, inclusive a de se expressar, se mobilizar e agir livremente”, alertou.

“Em nosso país essa questão é dolorosa. Vivemos anos de desrespeito pela liberdade e pela vida. Sofremos muitas dores”, acrescenta a mensagem.

“Como crentes e devotos do Sagrado Coração de Jesus, que é a imagem de seu infinito amor e misericórdia, imploramos a fortaleza na fé, a confiança na dúvida, a esperança na angústia e que nos conceda as virtudes que Ele sabe que precisamos em esta hora difícil”, concluiu a Comissão Justiça e Paz da arquidiocese de Manágua.

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