Nós, Bispos católicos do Estado de São Paulo, reunidos em Itaici-SP, sentimos o dever de orientar o povo católico e todas as pessoas de boa vontade sobre a chamada "Pílula do Dia Seguinte". Ela vem sendo oferecida como pílula de emergência para evitar a gravidez em casos de violência sexual ou de outras situações em que a mulher deseja evitar a gravidez imediatamente após a relação sexual mantida. Trata-se, na verdade, de uma pílula abortiva. Alguns órgãos de imprensa começam a divulgar esta pílula, noticiando que é fornecida pelo Ministério da Saúde, através da rede pública, em parceria com estados e municípios, e que a pílula está sendo apresentada só como contraceptiva e não como abortiva.
Isso, porém, não condiz com toda a verdade, porque ela é, de fato, contraceptiva e abortiva. Em alguns casos impede a concepção e em outros provoca um aborto. Quem a divulga como não-abortiva tem um conceito restritivo de aborto, afirmando que só se pode falar de aborto se o óvulo fecundado for expelido após ter-se fixado no útero. A Igreja Católica, no entanto, baseada nos dados da Ciência, afirma que desde a concepção e antes de se fixar no útero, o óvulo fecundado já é o início de uma vida humana. Portanto, mesmo sendo expelido antes de sua fixação no útero já se trata de um aborto. É isto que a pílula do dia seguinte pode provocar. É contraceptiva porque pode evitar a fecundação do óvulo, ou seja, a concepção. Se a fecundação, porém, se efetivar, a pílula se torna abortiva porque pode alterar de tal forma a situação do útero que a fixação do óvulo fecundado se torna impossível. Então ocorre a expulsão do óvulo fecundado e, portanto, o aborto. A Igreja é contra o aborto provocado e continua a defender a vida humana desde a concepção até sua morte natural e o faz na fidelidade ao ensino de Jesus Cristo, que veio para que todos tenham vida e a tenham em abundância. Ele aceitou morrer na cruz para resgatar a vida de todos nós na ressurreição. A vida é o direito fundamental de todo ser humano.
Itaici, 11 de novembro de 2001